Monday, November 21, 2011

Paralisia do sono

Desde pequena que padeço desta perturbação do sono que só há pouco tempo soube de que se tratava. Depois disso fiquei mais tranquila e fui investigar um pouco sobre este fenómeno.

Houve fases da minha vida em que tinha medo de adormecer e poder morrer durante o sono. Os sintomas eram horríveis e chegava a acordar com o corpo dormente e os músculos todos contraídos. Em algumas ocasiões, sentia um formigueiro por todo o corpo, como se tivesse recebido um choque eléctrico. Certa noite, pressentindo que iria ter uma crise dessas, resolvi colocar um gravador ligado. Verificou-se o episódio mas nada de anormal se ouviu na gravação. Que estranho! E o episódio até foi dos mais violentos. Normalmente quando adormeço, acordo e depois demoro longo tempo a adormecer, é quase certo que a paralisia do sono me vai atacar. Para esta noite estavam reunidos os factores ideais para ela aparecer e foi o que aconteceu.

Li algures que o nosso cérebro está a trabalhar com todas as suas funcionalidades conhecidas e desconhecidas, menos com a parte motora que se encontra desligada. Há uma mistura entre o subconsciente e o mundo real. A confusão nessa altura é muita e não chegamos a perceber se estamos acordados ou a dormir.

Quando surgem estes fenómenos, o ideal é aproveitar porque estão reunidas as condições para se ter um sonho lúcido, uma vez que conseguimos raciocinar ainda com mais precisão do que quando estamos acordados. O segredo é afastar os pensamentos e as alucinações medonhas que surgem e brincar um pouco com o momento. Também li que o nosso espírito anda separado do corpo nessas alturas. Como que se quer desprender. Talvez isso sejam mitos. Digamos que é uma espécie de projecção astral.

Nesta noite eu estava na minha cama em Coimbra. O episódio de paralisia do sono surgiu. Tal como das outras vezes, imediatamente me dominou o pavor mas logo pensei no que tinha lido e nas experiências que outros tiveram quando conseguiram dominar o medo.

Havia que aproveitar o momento e divertir-me um pouco, digamos assim. Porque não ir para a rua? A janela estava fechada e com o estore corrido até cima mas tal não era obstáculo para a atravessar. Recorde-se que o meu corpo físico havia ficado na cama a dormir enquanto que a leveza de espírito tudo podia conseguir.

A partir daqui valia tudo. O limite seria mesmo a minha imaginação.

Era de madrugada. Umas quatro da manhã talvez. A rua estava anormalmente movimentada. Para além do tráfego automóvel que sempre existe, vi imensa gente a pé. Realmente a noite estava convidativa para se estar no exterior. Ou o espírito não sente calor ou frio?

Um facto estranho me chamou a atenção: a esmagadora maioria das pessoas que andavam na rua eram idosos e não jovens que vinham das discotecas. Que faziam os avozinhos na rua àquelas horas da madrugada? Imediatamente achei a explicação. O meu espírito andava fora do corpo. Li algures que durante uma projecção poderia deparar com outros espíritos. Alguns teriam corpo tal como o meu mas outros já não tinham corpo físico. É quase impossível distinguir entre uns e outros mas também li que os que não têm corpo não fariam mal algum ao meu. A rua era de todos.

Para impressionar toda aquela gente que não conhecia, resolvi levantar os pés do chão e levitar por cima do passeio. As pessoas ficaram a olhar-me.

Estava-me a divertir imenso e sentia-me bem. Era uma sensação de liberdade como nunca senti na vida. Resolvi arriscar um número mais arrojado e escalei na vertical o enorme prédio que fica em frente à minha casa.

Infelizmente não consegui sair da cidade de Coimbra. Tentarei para a próxima ir a minha casa talvez. Quem sabe para a próxima até consiga ir mais longe.

Adorei esta experiência. De algo indesejável como é um episódio de paralisia do sono, criou-se uma experiência engraçada, agradável e extremamente positiva.

P.S: Depois deste episódio, ainda ocorreram mais dois. Como foram de curta duração, não deu tempo de fazer estes malabarismos. Foi pena!

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