Tuesday, November 08, 2011

Macabro colchão

Que curioso! Há duas noites seguidas que os meus sonhos se passam no mesmo local. Á semelhança do sonho que narrei antes, também este sonho se passa em instalações do liceu de Anadia. Desta vez é no pavilhão onde fazíamos Ginástica. Que significará isto?

Estávamos ali um pouco contra nossa vontade. O clima até era hostil. Eu não estava a gostar nada daquilo. Parece que algo ia ali passar-se. Algo a que eu não fazia a menor menção de assistir. Se pudesse saía dali para fora. Não íamos ter ali uma aula de Ginástica, certamente.

Por incrível que pareça, nós estudávamos…Medicina e íamos todos juntos assistir a uma autópsia. Refira-se que em sonhos morro de medo de cadáveres. Na realidade não tenho medo deles, apesar de desconhecer como reagiria á dissecação de algum.

A aula ia começar. O meu coração batia angustiado. Queria fugir dali mas era impossível. Havia que assistir à aula e mais nada.

Trouxeram um colchão algo encardido, de uma cor bege, já muito usado na sua tarefa de suportar corpos ensanguentados que sobre ele foram dissecados. Cheirava horrivelmente a uma mistura de desinfectante e talho.

Assim que pousaram o colchão no soalho onde muitas vezes fizemos piruetas e que chiava quando jogávamos Basquetebol, logo me esgueirei para a casa de banho. Atrás de mim vinha uma colega de nome Júlia. Passei-lhe a frente a correr e cheguei primeiro que ela a uma das casas de banho que estavam livres. As portas não fechavam mas isso não importava. Precisava de me esconder ali.

Depois de ali ter estado escondida por alguns instantes, esgueirei-me devagar para uma sala de aula. Comecei a reparar no vestuário que os estudantes usavam um pouco para me abstrair do medo que me percorria o corpo.

Noutra sala, sentei-me a um computador ainda com os nervos em franja e o coração a latejar. Numa atitude perfeitamente normal em pessoas que se deparam com deficientes visuais pela primeira vez, a professora de Português apareceu com fotocópias ampliadas de “Os Lusíadas” para mim. Eu protestei porque não queria nada daquilo. Mas que mania!

Ainda mais irritada fiquei porque até tinha (e tenho) um exemplar desse livro. Nem o precisava de comprar ou fotocopiar. A criatura teimava que não queria o meu livro na sala de aula. Que raiva! Eu também teimava que não queria aquelas fotocópias. Furiosa até não poder mais, abri a mochila, tirei lá de dentro um volumoso livro e quase lho esfreguei na cara. Era para ela saber que eu leio.

Esta última passagem, embora tratando-se de um sonho e de um exemplo extremo, espelha um pouco da realidade que nos rodeia. As pessoas julgam que sabem melhor do que nós do que nós necessitamos. É incrível!

Assim se passou uma noite cheia de peripécias e emoções fortes. Experimentei medo, raiva, injustiça…tudo a que tinha direito para me angustiar. Ainda bem que tudo isto não passou de um sonho!

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