Wednesday, November 16, 2011

E eu?!!!

Eu nem quero imaginar como reagiria se acaso isto não fosse um sonho. Ser preterida num projecto como este, com toda a gente farta de saber que é este o meu sonho e que muito lutei e tenho lutado para o concretizar? Ficaria possessa no mínimo.

Depois de sonhar com Futebol, jogadores da América do Sul e muitas outras coisas variadas, sonhei que estava no meu quarto depois de um dia de trabalho. Tinha ouvido dizer que alguns elementos da ACAPO iam ter oportunidade de aprender a fazer rádio e até estava prevista a criação de um programa que permitisse divulgar a instituição e que era realizado por esses mesmos elementos.

Trancada no meu quarto, remoía a revolta por ninguém me ter dito nada, apesar de toda a gente saber que eu adoraria fazer rádio e, na altura em que estava a concretizar esse sonho, eis que surgiu algo que o voltou a destruir para sempre.

Tocaram à porta da residencial que estava bastante alterada oniricamente e que, ao mesmo tempo, era também a sede da ACAPO. Ouvi a voz que saudava quem foi abrir a porta. Nem quis acreditar! Era uma voz conhecida. Era o dono da Rádio Província que tinha aberto as portas aos meus companheiros.

Apesar de envergar umas calças brancas de pijama e uma t-shirt verde, corri a abrir a porta do meu quarto e a cumprimentar aquele visitante que há anos não via.

Ele cumprimentou-me mas já ia a sair, alegando estar com muita pressa.

No dia seguinte, no terraço da ACAPO, discutia com quem me quisesse ouvir pelo facto de se terem esquecido de mim neste projecto da rádio, apesar de saberem que era este o meu grande sonho e que, quando finalmente o estava a realizar, o meu estado de saúde altera-se e sou forçada a abandonar tudo sem retorno. Ninguém tem a mais pequena ideia do quanto ainda hoje sofro devido ao desmoronar deste projecto que tanto me custou a realizar.

Sempre tinha mais motivos para armar confusão do que um colega meu aqui há uns anos que conseguiu que toda a gente se fosse esconder face à ameaça das suas bengaladas. Tudo porque, alegadamente, tinham enviado postais de Natal a todos e esqueceram-se dele, imagine-se. No meu caso estava em jogo um sonho de infância e que sempre me acompanhou ao longo da vida, não um postal que se guarda a um cano esquecido de uma gaveta.

Pelo menos no meu sonho não ameacei bater em ninguém e muito menos persegui descontroladamente alguém brandindo a bengala branca. Apenas me senti revoltada e magoada com o que aconteceu. As lágrimas incontroláveis que teimavam em me escorrer pelo rosto reflectiam na perfeição o meu estado de espírito.

O psicólogo logo me tentou acalmar dizendo que aquele projecto da rádio…foi um castigo que se arranjou para punir o comportamento menos próprio que esses elementos tiveram. Belo castigo! Também quero um igual. Mais um motivo para passar da revolta à violência física. Já que os castigos são esses…E ser castigada por reagir intempestivamente ao castigo dos outros seria do melhor.

Perguntei se ainda era possível incluírem-me nesse projecto. Nem que fosse apenas e só a fazer a produção do programa. De há uns anos a esta parte, dado a minha inclinação para pensar em ideias originais que se possam fazer num programa de rádio, a produção de programas seria uma possibilidade. Seria mais interessante pesquisar curiosidades, procurar músicas de que ninguém se lembra, arrumá-las por temas ou acontecimentos, tal como eu tenho feito num punhado de posts que aqui tenho e que no findo alimentam essa minha sede.

Não. Também não podia fazer produção. O projecto da rádio era só para quem realmente se portou mal. Afastei-me de lágrimas nos olhos e revoltadíssima.

O sonho termina com escalada de rochas à beira-mar. Os protagonistas são todos desconhecidos.

Quando acordei, velhos fantasmas do passado tinham povoado o meu espírito. Foi o ponto de partida para atravessar uma fase de mais melancolia e tristeza. Nada apaga o que ficou para trás e nada devolve o que perdi simplesmente porque o meu estado de saúde se alterou em plena concretização de todos os meus sonhos e quando eu tinha todas as ferramentas , mesmo todas, para ser feliz.

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