Monday, November 28, 2011

Não sair de casa é a solução?

Dou uma espreitadela nas notícias enquanto faço a descompressão de mais um intenso dia de trabalho. Já há muito que não vejo as notícias. Para quê? Para ouvir falar da recessão económica, das agências de rating, da decadência da Zona Euro e do descrédito da banca nacional?

Hoje vou ver o noticiário. Sempre quero ver o que está a acontecer por cá e por lá. Bingo! Que bela sucessão de notícias que acaba de ser emitida! Que texto valente isto vai dar!

Em primeiro lugar, há a registar as greves nos comboios que fizeram com que muitas pessoas ficassem retidas e não pudessem regressar aos seus destinos. Foram muitos os trabalhadores e estudantes que ficaram com a perspectiva de um fim-de-semana passado com os seus familiares gorada. Já começam a ser demais, as greves dos comboios. Se soubessem o transtorno que causam…há quem esteja farto de trabalhar e queira ir para casa para junto da família e corre o risco de dormir nos bancos frios das estações ferroviárias.

A seguir à incómoda greve dos comboios, vem a notícia de que o Governo vai cortar os descontos nos passes de autocarro para os estudantes e idosos. Mais um rombo nas depauperadas finanças dos estudantes que mal têm dinheiro para comer…mas as discotecas aqui no burgo devem estar sempre cheias e com o álcool e as drogas sintéticas sempre a bombar. Não percebo.

Os idosos deixam de sair de manhã de casa para percorrerem a cidade inúmeras vezes de autocarro. Ao longo dessas viagens, muita gente se senta ao pé deles nos bancos do autocarro e eles aproveitam para meter conversa. É uma forma de matar a solidão. Muitas dessas pessoas vivem sozinhas e precisam de espairecer. A solidão nas grandes cidades é um flagelo e os autocarros ajudam de certa forma a amenizar a vida solitária dessas pessoas. Não concordo muito com os cortes do subsídio do passe aos idosos, sejam eles ricos ou pobres.

Como não há duas sem três, eis que surge mais uma notícia que promete complicar bastante a mobilidade dos cidadãos portugueses. Mais portagens vão ser implementadas em troços que eram até aqui gratuitos. Os cidadãos revoltam-se, pois claro.

Com os comboios constantemente em greve, com o corte no subsídio dos passes dos autocarros e com cada vez mais auto-estradas com portagem, começo a pensar que os cidadãos nacionais que não descalçam os chinelos de quarto, que olham fixamente a caixa do correio à espera que caia o cheque do subsídio mensal e que vêem estas notícias sem um único esgar de preocupação é que têm juízo. Quem tem de apanhar transportes ou se deslocar na própria viatura para o trabalho que aguente com isto e que pague a crise!

Ainda há outra alternativa mais económica e ecológica. Sempre que for possível, por que não ir a pé ou de bicicleta. Até ver, ainda não inventaram portagens para quem assim se desloca.

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