Wednesday, June 29, 2011

Tágides Praia

Aproximam-se as férias. Onde as curtir? Na praia, pois claro. Quando não se tem praia, por enquanto, o nosso subconsciente trata de inventar uma, nem que seja num local onde não existe nenhuma. Quando criaram uma praia artificial em Mangualde, também podem criar uma em Alverca para o pessoal ir a banhos e se refastelar ao sol até ficar com a pele tostadinha.

Antes de irmos oniricamente para a praia que só existe em sonhos, convém começar a narrar a actividade onírica pelo início.

Sonhei que um primo nosso padecia de uma rara doença que fazia com que os órgãos do seu corpo morressem lentamente um a um e tivessem de ser extraídos. Já lhe tinham extraído os dois olhos e o seu coração também tinha sido substituído por um de plástico.

Ele estava cego e nós incitamo-lo a ir aprender Braille para a ACAPO. Os nossos familiares aceitavam incrivelmente bem o infortúnio que lhe bateu à porta.

Depois destas estranhas incidências, vamos para os não menos estranhos momentos de pura desbunda na praia de Alverca à qual deram o nome de Tágides Praia. O que o meu subconsciente vai buscar!

A praia estava a fazer furor. Digamos que era um local cool, um local da moda. Nunca tinha ouvido dizer que ali houvesse praia…e na realidade até nem há. Havendo, era mesmo de ir toda a gente a correr para lá para ver o estranho que era. Sim, a praia era estranha.

Curiosa como sou, quis lá ir dar uma saltada só para ver o ambiente, a temperatura da água, a espessura da areia e o movimento.

Meti-me num comboio, percorri a pé umas ruas estreitas, movimentadas e povoadas de vendedores, umas ruas mesmo típicas de praia, e lá cheguei ao meu destino.

Quando cheguei à praia, verifiquei que o céu se apresentava de uma tonalidade bem cinzenta e bem escura, apesar de o Sol brilhar intensamente. Era estranho. A água do mar apresentava-se sempre muito agitada, com enormes ondas, tipo as que uma vez apanhei em S. Martinho do Porto. Ali era mesmo o estado normal do mar.

Outra característica da praia que me chamou a atenção teve a ver com a intensidade do vento. Algumas rajadas mais fortes levantavam areia a alturas impressionantes.

Eu falei dessa praia aos meus amigos e conhecidos. Sempre que podia, dava uma escapadela até lá. Era diferente.

Aprontei-me para mais uma tarde de Sol, coloquei bronzeador e refastelei-me na areia. A certa altura comecei a ouvir gritos estridentes, uma intensa algazarra, movimento de pessoas que desmontavam à pressa as suas barracas e chapéus e coisas que voavam. As pessoas que estavam mais à beira-mar eram as mais agitadas.

Segundos depois, levantou-se uma onda monumental que transportava consigo uma enorme torrente de areia que se entranhou no meu corpo besuntado. Era sempre assim naquela praia. Era por isso que algumas pessoas gostavam tanto de lá ir, de sentir a adrenalina, a agitação, a Natureza em fúria.

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