Wednesday, June 29, 2011

Sardinha e broa na Lagoa

Soprava um vento desagradavelmente frio enquanto alguns de nós aguardávamos a chegada do autocarro da Câmara Municipal de Mira que nos havia de transportar para mais esta actividade por terras gandaresas. Temia-se que o tempo não estivesse de feição para um dia agradavelmente bem passado ao ar livre.

O autocarro chegou. Vinha apinhado e foi uma ginástica enorme conseguir que todos tivessem lugares sentados. Lá seguimos em direcção a Mira numa viagem agradável.

O ponto de paragem foi o Sítio do Cartaxo, junto a uma enorme lagoa de águas muito azuis. Chama-se assim porque ali é o habitar natural de uma ave bastante rara no Mundo a que se dá o nome de cartaxo. Ao longo do dia, toda a gente estava a prestar atenção ao cantar de um qualquer pássaro, na expectativa de ouvir o canto de um cartaxo.

Caminhámos um pouco. Estava um belo dia de Sol. Que bom que estava para passar o dia na rua! Ao ar livre, assistimos aos ensinamentos de quem sabe sobre a arte de cozer broa tradicional. O vídeo está acima e é muito interessante. Foi pena já não ter apanhado aquela parte de alguns se aventurarem a amassar. A memória do telemóvel estava cheia.

Enquanto a broa cozia no enorme forno a lenha, caminhámos até aos moinhos. Era lá que se fazia a farinha para a broa que se acabou de confeccionar. Vimos um moinho em plena actividade e percorremos um caminho de muito difícil acesso para ainda encontrarmos um velho moleiro que tinha acabado a sua faina num outro moinho.

Seguiu-se nova caminhada até ao sítio onde a broa e as sardinhas estavam a ser preparadas para o nosso repasto. Tal como eu, muitas pessoas ficaram curiosas acerca de uma nova forma de confeccionar a sardinha. Consistia em colocar as sardinhas numa telha, com massa da broa, temperadas com azeite e alho. Iam ao forno e depois estariam disponíveis para quem quisesse provar. Havia igualmente carne para quem não gostasse de sardinha ou simplesmente para quem quisesse e salada com tudo a que se tinha direito.

Sentámo-nos à mesa. O vento não deixava que os utensílios se mantivessem no seu lugar. Eu entornei um copo de bebida precisamente porque este tombou com o vento. Já havia um enorme pedregulho a segurar a toalha de papel na mesa e algo também pousado para os guardanapos não dispersarem.

Durante o almoço aproveitámos para conversar e, naturalmente, para ir saboreando sardinha e broa quente. Que maravilha! O único óbice era o cheiro à sardinha que ficaria depois entranhado em tudo o que tocássemos.

Toda a gente aguardava ansiosamente as sardinhas na telha. Eu também queria provar essa iguaria. Elas chegaram finalmente. É incrível como não sabem à sardinha assim temperadas! É curioso.

Aquele molho que fica depois na massa da broa que depois também fica cozida é uma delícia. Fartei-me de comer disso até mais não poder.

A tarde foi passada ao sol a passear um pouco e a conversar. No final, novamente no Sítio do Cartaxo, todos nós entoámos em coro a famosa canção “Eu Ouvi O Passarinho”.

Com o cheiro da sardinha entranhado no corpo, regressámos a casa. Foi um dia bem passado, apesar do intenso vento junto à Lagoa.

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