Friday, December 31, 2010

O melhor presente de Natal que alguma vez recebi

Estávamos todos à volta do fogão de sala. A Consoada iria ser passada em minha casa juntamente com os vizinhos e a mesa já estava posta. A postos já estava também a árvore de Natal com as suas luzes a brilhar intensamente.

O dia fora passado a receber amigos e familiares que vinham desejar as Boas Festas e traziam os seus presentes. Em troca também levavam outros presentes que comprámos para eles.

Não nos espantámos quando alguém bateu à porta enquanto toda a gente estava sentada à lareira. O meu pai ordenou a quem quer que fosse que estava na rua que entrasse porque a porta não estava trancada.

Ficou tudo espantado e sem palavras. Quem entrava por aquela porta era...a minha madrinha. Vinha de braços abertos e as lágrimas brotavam-lhe dos olhos. Mil e um pensamentos invadiram a mente dos presentes. O que estaria ela aqui a fazer? Aconteceu alguma coisa com a nossa tia que, segundo tínhamos ouvido dizer, se encontrava doente?

Sem palavras ela avançou até à cozinha e abraçou a minha mãe que vinha com o tabuleiro do bacalhau. Depois abraçou cada uma de nós enquanto as lágrimas jorravam. Visivelmente emocionada, a minha madrinha foi dizendo que nós lhe tínhamos feito muita falta ao longo dos quase quatro anos em que estivemos de costas voltadas devido a um desentendimento que surgiu após a morte do nosso primo na Figueira da Foz no já longínquo dia 26 de Dezembro de 2006.

O fim da zanga entre elementos da família que outrora eram bastante unidos foi o melhor presente de Natal que alguma vez recebi. Não há dinheiro nenhum ou presente tão do agrado que valha mais do que este.

De referir que a minha madrinha não vinha sozinha. Com ela vinha também o nosso primo (primo dela, da minha mãe e irmão do falecido que esteve na origem do mal-entendido que durou quase quatro anos). Também com ele as pazes foram feitas.

Com o fim das hostilidades familiares, fica marcada para a próxima sexta-feira (noite de fim de ano) a união de toda a família à mesa, algo que já não acontecia desde a Consoada de 2006.

Foi um momento que irei guardar para sempre na minha memória, este em que a minha madrinha entrou pela porta de minha casa adentro para colocar um ponto final no desentendimento em plena noite de Consoada. Presente de Natal mais bonito não podia haver.

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