Friday, July 30, 2010

"Um Capricho Da Natureza" (impressões pessoais)



Não deixou de ser uma feliz coincidência eu ter iniciado a leitura deste livro em plena época do Mundial 2010 que se realizou na África do Sul e ter terminado a sua leitura à passagem do nonagésimo segundo aniversário de Nelson Mandela que foi comemorado com este dia a ele dedicado.

Este livro escrito por Gordimer- Prémio Nobel da Literatura em 1991 retrata a história de uma activista política branca que defendia a causa dos negros na África do Sul em plena época do apartheid.

Esta obra vale pelo contexto político. Ao lermos ficamos com uma ideia de como se vivia num país dominado pela segregação racial que levou Nelson Mandela a estar cerca de vinte e sete anos na prisão até se tornar no primeiro presidente negro sul-africano. Sem dúvida, tempos conturbados.

Este livro, no entanto, não me cativou por aí além porque a autora faz muitos rodeios, tal como em tempos eu critiquei os autores portugueses por recorrerem a esses preciosismos, também esta autora faz uso deles em abundância, com frases longas e difíceis de perceber sem voltar atrás.

As imprecisões na obra também levam à sua difícil compreensão. A protagonista foi acolhida durante o seu exílio por um casal de embaixadores de onde? Da Bélgica, depreendi eu.

O país da Europa de Leste onde Hillela viveu, a julgar pelos nomes das personagens, apenas e só, seria a Checoslováquia? Ainda pensei na Polónia também. É uma possibilidade mas falava-se da Estrela Vermelha e isso levava-me até à Jugoslávia. Só que na Jugoslávia ninguém se chama Karel nem Pavel. A menos que sejam de outros países vizinhos a viver lá. Uma grande embrulhada.

O marido de Hillela foi presidente de que país africano? Zimbabué? Para saber com precisão esta informação teria de ver quem presidia à OUA aquando da publicação deste livro e isso dá um pouco de trabalho.

Ressalve-se as referências nesta obra a Portugal. Não deixa de ser curioso. Vasco, o amante da mãe de Hillela era português e a protagonista questionava-se muitas vezes se não seria filha dele. Quando Ruth, a mãe de Hillela, reencontrou a filha em Angola o marido de Hillela propôs que ela fosse passar uns tempos a Lisboa.

Em suma, a leitura deste livro tornou-se algo enfadonha e arrastou-se mais do que o previsto, até porque apanhou a época do Mundial. No entanto fiquei com uma ideia mais clara de como seria viver na África do Sul em plena época do apartheid.

Tal como prometi há uns tempos atrás aquando da morte de José Saramago, a próxima obra que irei desde já começar a ler será “A Viagem Do Elefante”.

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