Monday, July 26, 2010

Perigos reais

Se dúvidas havia quanto a renovar ou não o meu vínculo contratual, hoje penso que as deixei de ter por completo.

Ainda ponderei a renovação para desbloquear a minha situação laboral e poder receber subsídio de desemprego após um ano e meio a trabalhar. Quem sabe aí encontraria algo mais adequado para mim? Algo mais leve e sem riscos para a minha saúde.

Hoje, tal como acontece quase todos os dias, havia muita mercadoria para transportar e havia muitos veículos que costumamos usar para transportar os produtos no meio do caminho. De facto, não poderiam estar noutro sítio. Quando tentei arredar um outro carrinho de ferro que estava a obstruir a passagem do meu, eis que dei acidentalmente uma forte pancada com a minha perna direita no outro carro. A dor foi intensa e durou algumas horas.

Para quem não sabe, há dezassete anos tive graves problemas de saúde e parte do osso da minha perna direita foi extraído devido a um nódulo que, felizmente, não se confirmou ser maligno. Foi uma época complicada da minha vida em que sofri bastante à espera dos resultados dos exames. Hoje revi esse pesadelo. Relembrei a tarde em que um médico me disse que só estava à espera dos resultados para me mandar para a ortopedia 1. Foi das piores tardes da minha vida. Lembro-me que houve um outro senhor a quem ele disse a mesma coisa e, ao longo do resto dessa tarde de Julho, apoiámo-nos um ao outro. Anos depois, contaram-me que a ortopedia 1 era para onde iam as pessoas com doenças terminais nos ossos. Fiquei arrepiada.

Hoje de manhã quase que entrei em pânico, até porque a perna me doía bastante. Nem sabia onde me enfiar. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas e a tensão nervosa era intensa. Felizmente poucas pessoas me perguntaram o que eu tinha e nenhum cliente o fez, para meu alívio.

Não é a primeira vez desde que estou a trabalhar que bato com qualquer coisa naquela perna. Se eu soubesse que corria esse perigo, por mais pequenas que fossem as possibilidades, jamais aceitaria trabalhar ali. Por mais cuidado que se tenha, é impossível estarem os corredores livres de obstáculos e até colegas minhas se magoam nas pernas assim. Só que eu não quero passar por aquele pesadelo novamente. Passei meses em hospitais e tive muitas dores, muito sofrimento. Passar por isso outra vez seria demais para mim.

Para além dos riscos que há para o meu problema nos olhos, agora surge também o perigo real de lesionar a minha perna. Se é para colocar em risco a minha saúde, por mais que a minha situação económica e laboral fique complicada novamente, prefiro abdicar do dinheiro em vez da saúde.

Se não ter dinheiro é triste, mais triste é perder a saúde.

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