Tuesday, July 27, 2010

Para quê fazer o estágio profissional?

Estou cada vez mais desapontada com a atitude de algumas pessoas. Já antigamente estava e agora começo a achar que é melhor ir pelos meus próprios meios. Até nem parece que lidam com uma pessoa que estudou e que só quer o melhor para si.

Quando me questionam sobre a viabilidade ou não de ainda fazer o estágio profissional está tudo dito e mais comentários não serão necessários. Então querem que eu ande toda a vida a fazer algo de que não gosto quando tenho estudos para muito mais?

Realmente é verdade, fazer o estágio e depois vir para a rua, deixar um emprego certo para se fazerem nove ou doze meses de estágio e depois vir para o desemprego não valerá muito a pena. Para mim até vale por descarga de consciência e estabelecimento da ordem natural das coisas. Atente-se que só por questões de saúde ainda não tenho o estágio profissional realizado. E ia-o realizar num local escolhido por mim e com o qual me identificava bastante.

A experiência que iria ter com a realização do estágio profissional também iria ser mais enriquecedora do que qualquer dinheiro, isto sem falar que iria auferir quase o dobro do que estou a auferir sem haver qualquer risco desnecessário para a minha saúde como agora está a haver.

Agora quero tentar retomar o meu sonho antigo da rádio e achei um local onde eu gostaria de fazer o estágio profissional, se ainda fosse possível. Não me ajudam? Não vale a pena? Tenho de andar toda a vida a trabalhar no duro depois de ter estudado com tanto sacrifício e tendo o talento que tenho? Pois bem, deixa passar o período de férias, que logo me vou virar sozinha.

Isto não inviabiliza a realização dos meus outro projectos. Terei mais disponibilidade, sobretudo psicológica, para os realizar com mais empenho e mais ânimo. Quem sabe de mim sou eu, mais ninguém. Ninguém pode aferir sobre a minha felicidade, sobre o que eu devo ou não fazer para a conseguir. Contando que não mate nem roube, vou até ao fim do Mundo para correr atrás do que perdi há anos atrás.

Sou uma pessoa que dá pouco valor ao dinheiro em detrimento da realização pessoal. Se tiver de arriscar a fazer o estágio profissional, mesmo que depois vá para a rua, nem hesitarei. Por mais que as pessoas questionem as minhas opções, em primeiro está a minha realização enquanto pessoa, que poucas oportunidades tenho de a satisfazer.

Setembro será um mês decisivo para o meu futuro. Aquela consulta irá decidir muita coisa. Se houver alguma alteração, tanto faz as pessoas quererem-me segurar no meu actual emprego, como não. Eu mesma me irei embora e apresentarei toda a documentação médica necessária. Espero que isso não aconteça mas é o mais certo.

Gostam muito de zelar pelo meu bem, pelo meu futuro. Mas qual futuro? Uma pessoa que vê até esta idade e pode ficar cega um dia tem algum? Precisamente para precaver a chegada desse dia é que eu ando a tentar adaptar as coisas a essa realidade. Convençam-se disso! Não será do dia para a noite que me irei adaptar à realidade de estar completamente cega e, se há duas coisas das poucas que ainda poderei fazer, essas coisas são a rádio e a escrita.

Deixar de ter a possibilidade de fazer o estágio profissional para continuar com um emprego que não me irá valer de nada no futuro? E se eu fizesse um estágio tão bom que ficasse? Tudo pode acontecer. É por aí que se tem de tentar.

Convençam-se de uma coisa: nenhuma das ideias que eu tenho em mente é por acaso. Todas as possibilidades e toda a minha situação foi pensada. Justamente porque estou sempre preocupada com a instabilidade da minha doença é que não me posso comprometer com nada a longo prazo. Um estágio profissional em vez de um emprego seria o ideal, tal como foi este contrato de curta duração. Se depois não tiver mais nada, irei dedicar-me a escrever. Pode ser que resulte.

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