Sunday, September 17, 2006

O homem de Chernobyl

Despertou-me a curiosidade para ver o programa sobre o desastre nuclear de Chernobyl que ia dar naquela noite.

O conteúdo da reportagem consistia em gravações captadas num dos reactores da Central Nuclear que não explodiu. Dali podia-se saber o que se passou no reactor 4 onde a tragédia aconteceu na madrugada de 26 de Abril de 1986.

Três homens encontravam-se a trabalhar no reactor- dois mais jovens e um mais velho. Parece que iam testar qualquer coisa no reactor. O mais velho dava ordens aos outros e tratava-os abaixo de cão. Era um típico habitante da Antiga União Soviética. Um autêntico homem da Sibéria, tão inflexível e rude. Os outros obedeciam-lhe, por mais que achassem que dali poderia resultar o que viria, infelizmente, a acontecer. Para ele as ordens tinham de ser cumpridas e mais nada.

No início da reportagem eu pensei que eles tivessem morrido todos. Estava com uma raiva ao homenzinho que já não o podia ver. Para mim, o culpado da tragédia era ele. Podia não ter feito por mal. Certamente ele não queria que aquilo explodisse e espalhasse a morte pelas redondezas ao longo do tempo, mas as suas convicções e a sua teimosia levaram o reactor pelos ares.

Esse engenheiro tinha já uma longa história ligada à energia nuclear e o seu filho morrera de leucemia devido à radioactividade. Tornou-se então no homem que foi possível ver nas imagens que antecederam a explosão.

Achei impressionante o facto de a pressão ser tanta que fazia saltar as placas pesadíssimas que revestiam o reactor. Nem a ver aqueles estranhos acontecimentos aquele homem se convenceu do perigo que as suas experiências iam causar dentro em breve. Por mais que os outros lhe dissessem para ele fazer aquilo que deveria ser feito, ele fazia o contrário e com o simples premir de um botão, a morte e a desgraça invadiram as imediações da Central de Chernobyl.

O que é incrível é que todos quantos lá estavam dentro vieram a falecer. Só ele- apesar de ter sido o que esteve sujeito a níveis mais elevados de radioacticidade- sobreviveu e foi condenado pelo incidente. Viria a falecer em 1995 vítima de...ataque cardíaco. Morreu de morte natural, portanto, o homem de Chernobyl.

Fui-me deitar naquela noite a pensar como foi possível ele ter sobrevivido e os outros não. São dessas coisas incríveis que acontecem e que fazem com que a vida não seja algo de concreto e tão linear.

A manhã do dia 21 de Julho estava cheia de sol, mas um intenso cheiro a fumo fazia-nos lembrar a todo o instante que o flagelo dos incêndios andava por aí. Afinal era Verão e, infelizmente, esta época do ano também é a época dos fogos florestais.

Cheirava também a fim de semana que prometia sol e tempo quente. Para mim é igual. Esses dois dias são sempre passados em casa a fazer alguma coisa que está em atraso.

A Rabobank está na mó de cima nesta fase da época. Na etapa do Tour foi o primeiro conjunto a pontuar e viu o Boogerd ser 5º na etapa. Depois de um início de época marcado pelo azar, parece que este Tour está a ser bastante produtivo para os nossos atletas que já venceram 4 etapas e lideram o Prémio da Montanha através do dinamarquês Michael "Chicken" Rasmussen. Na geral por equipas no Tour, a Rabobank encontra-se na terceira posição.

Era chegada a hora de partir para mais um merecido fim-de-semana junto da família e...dos gatos. Que andavam eles a fazer. Disparates, senão vejamos...

Situação do dia:
Fiquei a saber que a gata Feijoa dá-se ao luxo de passear na estrada na frente dos veículos e estes andam ao seu ritmo. Parece que o outro dia a minha vizinha assistiu a uma cena hilariante. Aquilo filmado devia ser um espectáculo! Feijoa caminhava pela estrada na frente de uma carrinha de caixa aberta que, para não a matar, andava a passo. Só quando a caríssima gata se lembrou de saltar para o quintal é que a camioneta passou a circular a velocidade normal. Se fosse na cidade, imaginem a fila que se gerava ali e as sonoras buzinadelas que iam soar. É bom que a Feijoa não torne a repetir a gracinha, senão ainda acaba atropelada mesmo. Não é todos os dias que passam na estrada motoristas sensíveis ao comportamento negligente de gatos na estrada.

Bacorada do dia:
"Segunda-feira as revisões são desde o primeiro segundo que entram até ao primeiro segundo que saem." (uma aula sem pontos mortos e sem descanso.)

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