Friday, September 15, 2006

Desporto para Deficientes de mal a pior

Estou extremamente preocupada com o caminho que está a levar o Desporto para Deficientes. Está-se a perder o espírito e a função principal desta vertente desportiva e isso é bastante grave.

Concordo que deva haver Desporto de Alta Competição, mas já fico triste ao saber que os outros atletas –principalmente os que sofrem de incapacidades mais severas e que viam no Desporto um modo de elevar a sua auto-estima- são impedidos de participar em provas.

Vem isto a propósito do calendário de provas dos próximos Jogos Paralímpicos que se vão realizar em Pequim. Muitas provas vão deixar de existir porque- segundo os responsáveis- parece que não são competitivas e não contribuem para o espectáculo. E agora pergunto: será que os atletas estão de acordo com esta política? Se pensarem como eu, muitos atletas em diferentes partes do Mundo estarão profundamente abatidos por lhes ter sido tirada a oportunidade de fazerem algo que os tornaria mais autónomos e com um gosto pesoal em si, apesar dos severos problemas que possam ter.

Lembrem-se, senhores dirigentes, que muitos de nós vivemos fechados num mundo cuja chave se poderá perder para sempre se continuarem com essas ideias assassinas de impedir pessoas tão sensíveis e martirizadas de viver, simplesmente isso.

O meu caso é um exemplo de como o Desporto para Deficientes perdeu todo o humanismo e solidariedade que se deviam sobrepor a todo e qualquer tipo de interesses. Enquanto tive alguma hipótese de fazer resultados, as pessoas eram tudo para mim. Nestes últimos dois anos, nem os meus amigos e colegas fui merecedora de contactar. Se me dessem a escolher entre fazer uma prova para uma medalha e correr apenas para fins de solidariedade, optaria mais facilmente pela Segunda, contando que estaria a viver a mina vida de um modo feliz e que encararia as coisas de uma outra forma.

Mudei muito a partir do momento em que comecei a praticar Desporto. Toda a mágoa e revolta que sentia por não me ser permitido viver como as jovens da minha idade desapareceu. Hoje, impedida de viver, tornei-me uma pessoa sem objectivos de vida. As portas foram-me fechadas e o simples facto de acordar a cada dia que passa é um autêntico pesadelo.

A resolução deste problema pode residir no facto de se criarem provas em que todos possam participar com o objectivo principal de conviver uns com os outros num clima de paz e amizade. Ao mesmo tempo, esses encontros teriam também um cariz pedagógico e cultural. Era uma maneira de pessoas que gostariam de alargar os horizonte terem oportunidade de viver e conhecer pessoas como elas de diferentes partes do Mundo. Assim, tomariam consciência que não são só elas a sofrer.

A competição ficaria, de facto para os melhores. Impedir atletas de participar em provas sem lhes dar alternativa só vem cavar ainda mais o fosso entre os cidadãos deficientes e os outros. O isolamento e angústia são consequência das atitudes desmedidas dos dirigentes que, muitas vezes, nunca foram atletas e- na maior parte dos casos- nem são sequer deficientes.

É triste esta situação, mas já estamos habituados a sermos tratados sem que os nossos direitos sejam respeitados.

Reflexões à parte, este dia foi rico em situações incríveis. Aliás, a noite já havia sido dominada por sonhos estranhos. Desde telemóveis a cair na sanita, passando por enxotar gatos que ameaçavam meter-se à estrada saltando por cima de um monte de palha até sonhar com as pessoas que tenho encontrado ultimamente. (ver texto “O rapaz da camisola vermelha e seus acompanhantes”)

O tempo estava igual: céu cinzento e um calor pesado. Por acaso na aula falámos em sonhos. Claro que não se fala de sonhos sem se falar em Freud. Perguntei ao formador que diria Freud do sonho dos gatos que me desobedeciam e teimavam em ir para a estrada saltando o monte da palha.

Já é público que o material de formação nesta casa está muito degradado. Se o material está assim, a culpa não é minha nem de qualquer outra pessoa. Se a máquina se estragou quando eu estava a escrever com ela, o problema é que ela já não estava muito boa. São muitas mãos a mexer nas máquinas anos consecutivos sem elas conhecerem uma revisão.

Para não partir copos, vou levá-los primeiro ao local onde se costumam colocar e depois é que levo o resto das coisas. Quando vinha a vir de levar o copo tropecei numa cadeira e quase me espalhei no chão. Sorte que eu tenho uma capacidade de equilíbrio que me protege, muitas vezes de ir ao chão. (ver texto “E alguma coisa o vento levou”)

Na aula, a professora quase derrubou um bem tão precioso como uma ventoinha. Sem ela não se consegue mesmo estar naquele lugar . A ventoinha abanou bastante mas não caiu.

O intervalo chegou e, como é habitual, fui para os computadores. Achei estranho a luz estar apagada. Entrei com a convicção de que ninguém ali estava dentro. Apanhei um susto da minha altura quando a professora de Braille me falou do interior daquele espaço mergulhado na mais profunda escuridão.

Como referi, o Futebol vive agora de rumores sobre hipotéticas transferências. Muitas delas não passam de especulação. Muitas são desmentidas e ainda há aquelas que se fazem sem os jornalistas saberem. Este ano o nosso campeonato vai assistir ao regresso de diversos futebolistas que conhecem bem os relvados dos nossos estádios. Depois de Rui Costa e de Jardel, outro jogador regressa a Portugal: Tarik Sektioui. Este jogador marroquino já havia alinhado no Marítimo há umas épocas atrás. Esteve para regressar ao clube insular, mas esse regresso não se concretizou. Agora vai vestir de azul e branco pela mão de Co Adriaanse que o conhece bem do AZ Alkmaar.

Mais uma vez, Oscar Freire esteve em grande e venceu a sua segunda etapa no Tour deste ano. Está a fazer uma excelente prova o ciclista espanhol da Rabobank.

Depois do Telejornal ia dar uma reportagem na RTP1 sobre vendas agressivas. Preparava-me para ver essa reportagem quando- sem que nada o fizesse prever- faltou a luz logo quando ia a começar o programa. Fiquei indignada. Estava a escurecer. Uma algazarra fazia-se ouvir na rua. Fui ver se os candeeiros estavam acesos lá fora. Nada. Não era no prédio. As pessoas precipitavam-se pelas escadas abaixo e perguntavam o que tinha acontecido e se era geral. Fui ouvir música com o meu leitor de mp3 enquanto não se fazia luz. Por incrível que pareça, a luz voltou justamente quando estava a começar “A Herança”.

E assim terminou um dia anormalmente repleto de situações hilariantes. Foi extremamente complicado escolher um acontecimento que se destacasse como “Situação do dia”.

Situação do dia:
Face ao rol de acontecimentos insólitos que ocorreram, tive de optar por um deles para colocar nesta secção. A situação que escolhi passou-se logo na primeira hora de aulas. Sentei-me numa cadeira que tinha uma pastilha elástica agarrada. Por sorte a pastilha não se pegou às calças. Depois o formador ia para se sentar nessa cadeira e toda a turma lhe deu um berro. Ele levantou-se no mesmo instante.

Bacorada do dia:
“É ponto esticado?” (foi difícil conseguir uma imagem mental de um ponto esticado.)

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