Sunday, September 03, 2006

Aquele frio autocarro

A voz do motorista indicando mais uma paragem fez-me despertar. Havia uns melancólicos candeeiros esverdeados. Nem sei o que aquilo me lembrava. Era uma sensação esquisita.

Um frio insuportável vindo do ar condicionado- que parecia não funcionar bem- impedia-nos de descansar confortavelmente. Parecia que estávamos dentro de um frigorífico. A temperatura era quase glaciar. O cansaço parecia ser mais forte que o frio.

Houve uma altura em que não consegui dormir mais. Conversava-se e depressa chegámos ao Porto que era o destino final daquele veículo gelado.

A cidade do Porto estava a amanhecer em tons de um azul que coloria todas as coisas que víamos. Ficámos na paragem onde o autocarro nos deixou. Para o outro lado da rua seguiam autocarros da cidade uns atrás dos outros. Parece que o Porto se levanta cedo. Para o lado da paragem onde estávamos não vinha um único veículo. Foi então que decidimos atravessar e seguir no primeiro autocarro que fosse para a Rodoviária.

Não sabíamos a que horas haviam transportes para as respectivas terras. Eu tive sorte. Daí a minutos havia um expresso para Coimbra. Quando eu lá chegasse...A minha colega é que teria de esperar mais umas horas.

Mal me despedi dela. O autocarro já estava pronto a partir. Não eram muitos os passageiros. Finalmente iria para Coimbra descansar daquela longa aventura.

Como é hábito, ia a ouvir música. O sono era muito e o cansaço também. Tinha receio de acordar sei lá onde. Se fosse num comboio era dramático, como tive oportunidade de escrever no outro dia (ver texto “Adormecer no comboio é gravíssimo”).

Ao ver que muita gente ia a dormir, o motorista berrou a plenos pulmões que estávamos em Coimbra. Por acaso eu já me preparava para sair. Finalmente!

Corri para apanhar o autocarro. Daí a nada estava em casa. Já avistava a porta do prédio. Era só subir. Tudo tinha corrido bem. Já posso dizer que fui a Madrid. Para tudo me correr lindamente neste ano falta-me a cereja no topo do bolo: ir à Holanda.

A minha senhoria não tinha saído. Que bom! Já não ia tomar banho em água fria

Depois de um banho quente e reconfortante e de ter tomado o pequeno-almoço, coloquei um CD e recostei-me na cama. Só iria acordar muitas horas mais tarde.

A tarde já ia alta quando acordei. Olhei para o relógio. Eram quatro horas. Era altura de sair e comprar algumas coisas que me estavam a fazer falta. Daí a nada começava a meia-final entre a Itália e a Alemanha.

Estava a jogar o Gattuso- esse jogador bastante combativo. Eu gostava que ganhasse a Alemanha.

No final do tempo regulamentar o jogo estava empatado a zero golos. Houve necessidade de se recorrer a prolongamento.

Tocou o telemóvel. Era a minha colega a perguntar se tinha chegado bem. Ela também tinha chegado cedo a casa. Acabou por ir de comboio.

Foi nessa altura em que conversávamos que os italianos marcaram dois golos de rajada e atiraram os alemães para a discussão do terceiro e quarto lugar. Eles são mesmo assim. Recordo um jogo da Liga dos Campeões entre a Juventus e o Barcelona em que aconteceu algo parecido. Algo que demonstra o cinismo e a manha italiana. A Juventus estava reduzida a dez elementos e o Barcelona estava a atacar com quanta força tinha. Não havia registo de qualquer resposta da Juventus ao caudal ofensivo da turma catalã. Foi então que o uruguaio Zalayeta, numa jogada venenosa de contra-ataque, marcou o golo que derrotou o Barcelona. Se não me falha a memória, era uma meia-final da Liga dos Campeões.

No dia seguinte regressaria à habitual rotina das aulas.

Situação do dia:
Mas porque é que os autocarros da cidade de Coimbra não respeitam as passadeiras?

Bacorada do dia:
“...à barra da trave...” (se calhar queria dizer que tinha sido ao poste.)

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