Friday, September 01, 2006

Em viagem

Também não me levantei muito cedo. O que interessava era estar na Rodoviária às 15.00h para apanhar o expresso para o Porto. Nem que para isso tivesse de ir a pé. Foi o que aconteceu. Não ia arriscar a esperar por um autocarro que podia não chegar a horas.

Preparei-me, dei de comer aos gatos e segui até à Rodoviária. Cheguei lá cedíssimo. Ainda tive tempo de procurar um café aberto para tomar a bica. Ao domingo Coimbra fica num deserto. Poucos são os estabelecimentos que se encontram abertos.

Para leitura de viagem levei o livro “Onze Minutos” de Paulo Coelho. Comecei a ler essa obra ainda em Coimbra. Faltava ainda algum tempo para partir rumo à Invicta. Assim embrenhada na leitura nem dava pelo tempo a passar.

Tentei ligar para a minha colega para dizer que já ia a caminho mas, à semelhança do que aconteceu no outro dia (ver texto “Malditos telemóveis”), a ligação falhou. Ela acabaria por me ligar e eu esperaria por ela. Seria outra longa espera. Iria novamente pegar no meu livro e ler até que fossem horas de ela chegar.

À hora prevista fui para um local fora da Rodoviária. Passado algum tempo ela apareceu com mais três amigos que viviam no Porto. Uma voz familiar chamou-me a atenção. Era uma velha colega minha que andou comigo no Atletismo e sempre ficava no meu quarto. Aturá-la não era fácil. Hoje tomaria eu mandá-la calar às três da manhã como eu fazia. Agora isso é impossível porque ela deixou o Atletismo e eu é o que se sabe. Fica a saudade dalguns episódios hilariantes vividos juntas e de discussões mais acesas. Estava na mesma aquela rapariga!

Apanhámos um autocarro da cidade e fomos até ao local onde iríamos partir para o outro lado da fronteira. Primeiro havia que achar um local onde pudéssemos comer alguma coisa rápida. A noite iria ser passada em viagem e nós apenas contávamos com as nossas provisões.

Comemos à pressa. A minha colega ainda estava mais ansiosa que eu. Tinha medo que o autocarro partisse. Andava muito stress no ar.

Num passo apressado chegámos ao local onde dezenas de pessoas ainda se encontravam à espera de entrar. Afinal não havia necessidade de entrar em pânico. Toda aquela gente tinha ainda de entrar.

O autocarro ia apinhado. Fomos em lugares separados. A minha colega foi mais para trás. Como não podia deixar de ser, não me esqueci de levar o meu leitor de mp3. Gosto de ouvir a minha música enquanto viajo.

Parava-se de hora a hora nas áreas de serviço, só que eu não gosto muito de parar em áreas de serviço. Duas passageiras teimavam em não apagar a luz. Os outros passageiros já se estavam a passar. Se elas apagavam a luz por instantes, logo se ouviam longos suspiros de alívio. Depois tudo voltava ao mesmo. Quando é que elas apagavam aquele inferno de luz de uma vez por todas?

Finalmente a escuridão! As luzes ao longe despertavam a imaginação. Não dava para adormecer. Queria estar acordada quando passássemos para o lado de Espanha. Ainda havia muitas horas pela frente.

Situação do dia:
Eu sou uma pessoa que deixa tudo em qualquer lugar. Da outra vez deixei algumas coisas minhas em Viseu, especialmente um casaco que me vai fazer bastante falta no Inverno (ver texto “Despedidas”). A história podia-se ter repetido, não fosse ter agido a tempo. Encontrava-me no interior de uma casa de banho quando verifiquei que me faltava alguma coisa. Tinha deixado o casaco no expresso e, se não me despachasse, ele ia parar a Valença. Desatei a correr que nem doida ao mesmo tempo que perguntava se o expresso que ia para Valença já tinha partido. Não partiu, mas estava prestes a fazê-lo. Apesar de ser a primeira vez que me encontrava na Rodoviária do Porto, não me incomodei com esse facto. Não havia mesmo tempo a perder. Visivelmente ofegante da correria, entrei dentro do autocarro e resgatei o casaco do banco onde o tinha deixado esquecido. Uma aventura bem ao meu jeito para início de viagem!

Bacorada do dia:
“Tive de passar para o banco de trás porque a miudita começou a ganir a dizer que queria estar junto da mãe.” (só quando olhei para aquele lugar é que desfiz a minha dúvida se se tratava de uma cadela ou de uma criança.)

No comments: