Sunday, September 03, 2006

Morrem as pessoas, ficam as dívidas

Mais uma vez, foi numa aula que se puxou essa conversa das dívidas que os falecidos deixam para a família pagar. Não são raros os casos em que, para alem da perda do ente querido, a família ainda tem de arcar com despesas que não contava.

Esse assunto fez com que eu imaginasse uma cena que poderia muito bem acontecer na realidade. Senão vejamos:

Sentada num muro ao Sol, a viúva passava mais um dia igual a tantos outros. Assoava-se ruidosamente a um lenço negro que, em contacto com a humidade, lhe deixava umas manchas azuladas na cara. Fazia quatro meses que era assim a sua triste vida. O mesmo tempo passado desde a morte repentina do seu marido que deixou toda a gente surpreendida. Infelizmente, não foi só a morte a única dor desta mulher. Cada vez que via o carteiro a parar-lhe à porta, o seu coração estremecia. Que seria desta vez? As cartas recebidas não continham boas notícias. Todas vinham em nome do malogrado marido a pedir que os seus débitos fossem saldados o mais rapidamente possível. Algumas missivas ainda continham ameaças de corte de telefone, gás natural, luz...Pobre viúva! E ela que julgava que as dívidas apenas existiam em casa dos outros! A carta que apertava contra o peito com tanta amargura era das Finanças. Parece que o homem com quem viveu trinta e cinco anos devia uma elevada quantia em impostos. A senhora chorava agora com mais intensidade. Não tinha dinheiro para pagar todo aquele rol de dívidas que o seu marido não levou com ele para a outra vida. Uma confusão de sentimentos fazia com que a viúva não soubesse o que fazer. É que os credores não têm compaixão dos mortos e nem estão preocupados em dar paz à sua alma e à vida dos que cá ficaram.

Assim foi o meu regresso às aulas naquela manhã de Sol. Para além de se falar nas dívidas dos mortos, outro assunto do qual se falou foi do marisco e da alergia a ele.

Fizemos um trabalho de grupo que consistia em dar conselhos ao senhor Tempoperdido de modo a organizar melhor o seu dia de trabalho. Da parte da tarde a criatura nunca trabalhava porque comia feijoada ao almoço e sentia-se pesada. Com um bocado de sorte, o que se devia recomendar ao indivíduo era uma dieta à base de Activia da Danone.

Não sabia do meu boné. Devem-mo ter escondido outra vez. Já andava com os nervos à flor da pele, Estou farta de brincadeiras! Procurei por todo o lado e não o encontrei. Estava passada com isto tudo. As minhas colegas iam a entrar e acabaram por ser vítimas da minha ira.

Para mim, tudo ia acabar ali mesmo. Mas as pessoas resolvem chatear os outros em péssimos dias, como irão ver.

Ainda fiz um treino de bicicleta antes de ir para casa. O jogo entre Portugal e a França marcava a actualidade.

E Zidane já ditava leis. Portugal não tinha outro remédio senão jogar contra a Alemanha no sábado.

No sábado era também a festa de anos do meu pai que fazia anos no dia 5, justamente.

Bacorada do dia:
“Fez-lhe um torcicolo nos miolos.” (o esforço intelectual foi tanto!)

No comments: