Sunday, October 24, 2010

Uma noite daquelas

Quando o despertador tocou e eu finalmente acordei, logo notei a autêntica devastação que ia no meu corpo. Estava gelada, havia transpirado imenso e tremia por todos os lados, apesar de a temperatura até nem estar muito baixa. Sinceramente nem sabia o que tinha mas sabia o que tinha provocado toda esta devastação. Parecia que tinha levado uma tareia e estava mais cansada do que se tivesse enfrentado um árduo dia de trabalho.

Eu até me estava a admirar de não ter os famosos pesadelos acompanhados de crises de ansiedade sempre que estou algum tempo sem ir a casa. Desta vez tardou mas o efeito foi bastante doloroso. Cheguei a pensar como haveria de ir trabalhar nestas condições mas sei de antemão que isto passa. Ando assim um pouco confusa mas isso passa com outra noite de sono, com ou sem sequelas das agitações da noite anterior.

O engraçado é que desde criança que sou assim. Lembro-me de uma ocasião em que este estado durou três dias. Agora não chega a tanto mas ando um dia em que me assusto com tudo e estou sempre á espera que o telemóvel toque a anunciar desgraça.

Antes de me ir deitar ainda li um pouco porque o livro tinha uma passagem algo longa para eu conseguir ler na íntegra antes de trabalhar. Nessa altura tenho pouco tempo para ler. Nessa passagem era narrada a história de um homem que estava a agredir a mulher. Aliás, estavam-se a agredir mutuamente mas ele fez valer a sua força e pisou a mulher toda à boa maneira lusitana. Também se falou de matança de porcos.

Fui-me deitar e acordei por volta das duas e meia da madrugada pela primeira vez. Pela intensidade dos sonhos ou dos pesadelos, até parece que estive a dormir muitas horas e que estava a ver mal o mostrador do cronómetro que me serve de relógio, pois seriam umas duas da madrugada. Estava eu a sonhar com um ser bastante deformado no rosto. Olhar para ele causava impressão. Depois do susto apanhado, descobri a causa e adormeci mais uma vez.

Acordei cerca de uma hora depois vergada a um dos pesadelos da família daqueles que passei a ter ultimamente desde que aquela ninhada de cães vagueia pela minha rua. O cenário de eles serem abatidos a tiro em último recurso assusta-me e deixa-me triste. Já a minha irmã manifesta idênticos sentimentos. A minha mãe diz que a culpa é dela, que devia ter agarrado os cãezinhos um a um de dentro do tubo enquanto não chovesse. Agora com as primeiras chuvas eles não vão para lá e será extremamente difícil apanhá-los. Já foram atropelados três na rua, tendo morrido dois. Um foi apanhado por um casal da minha terra mas a pessoa a quem eles o iam dar já não o quer. Parece que está lá por casa deles.

Em casa matava-se o porco mas quem vinha da rua sujeitava-se a vir sujo de sangue. Não sei o que se passava e lembro-me muito vagamente daquilo que mais me assustava. Nem estava acordada, nem a dormir e só imaginava coisas que me podiam assustar ainda mais.

Quando o despertador tocou, notei que estava de rastos. Felizmente, com o passar das horas e tal como eu previa, fui ficando melhor e todos os sintomas que me acometiam foram desaparecendo pouco a pouco.

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