Thursday, October 14, 2010

“Nação Crioula” (impressões pessoais)



Confesso que livros como este não são propriamente atractivos parra mim. Não têm acção, suspense, não prendem…em suma, não dão luta.

O bom destas obras é que nos levam a pesquisar e a conhecer um pouco do que eram os usos e costumes de uma determinada época histórica ou região. Foi isso que aconteceu aqui. Senti curiosidade em saber a história de algumas personagens desta obra baseada em cartas de Fradique Mendes.

Tal curiosidade por estas personagens resulta de já não ser a primeira vez que ouço falar delas. Desde logo começo com Fradique Mendes- o protagonista da obra. Eu pensava que seria alguém com um papel importante na História e talvez na vida política de Portugal. O nome dizia-me muita coisa e não me dizia nada ao mesmo tempo.

Estava redondamente enganada. Consultando a Wikipedia constato que Fradique Mendes não passa de uma personagem fictícia criada por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Sendo assim, poder-se-ia tratar de um pretexto para Eça de Queirós escrever para si próprio, visto que muitas das cartas deste personagem eram a si dirigidas. Era descrito como um aventureiro e um poeta satânico.

José Eduardo Agualusa, em 1997 fez renascer Fradique Mendes e escrever de forma original esta história colocando-o como narrador da mesma nas suas cartas.

Outro personagem que também me suscitou interesse foi José do Patrocínio. Não era propriamente um personagem desta história, apenas foi mencionado por Fradique Mendes nas suas cartas. O meu interesse surgiu do facto de José do Patrocínio ser um dos personagens de uma telenovela cujo nome não me recordo que passou há cerca de uns meses na RTP 1. Eu não era assídua dessa novela mas, ao andar por ali e o meu pai assistir a ela, sabia mais ou menos a história. A novela era mais ou menos da altura em que se desenrola a acção do livro.

Ao contrário de Fradique Mendes, José do Patrocínio existiu mesmo e foi um dos mentores, se não o principal, da luta contra a escravatura- o chamado Movimento Abolicionista. José do Patrocínio tinha origens semelhantes à amada de Fradique Mendes Ana Olímpia. Também ele era fruto da relação entre uma escrava e um branco e muito lutou pela libertação dos escravos no Brasil.

Mais tarde foi detido por criar um movimento algo radical e violento para restabelecer a monarquia no Brasil. O seu exército era composto por escravos negros libertados e era acusado de provocar todo o tipo de desordens.

Voltando ao livro, o que me prendia mais não era a história em si mas a forma como os factos eram narrados. Achei imensa piada à descrição de Gabriela Santamarinha. Estava brutal!

Gostei de ler esta obra pelo enriquecimento cultural e histórico que me proporcionou e por algumas passagens mais ou menos cómicas e fantásticas.

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