Tuesday, October 19, 2010

O artista Faouzi

Estava a ser um jogo sem história, este que opôs o Guimarães ao Porto. Dava até vontade de dormir. Estava tudo a correr tão normalmente que até metia dó.

Toscano já tinha falhado uma clamorosa oportunidade de golo para os vimaranenses e Hulk já tinha marcado o golo da ordem que sempre tem de marcar em jogos em que está presente. Desta vez foi aos vinte e nove minutos.

Ao intervalo o Porto tinha mais de cinquenta e cinco por cento de posse de bola e Nilson já se tinha aplicado a fundo para defender um remate de João Moutinho.

A segunda parte começou neste registo, até que houve uma substituição na equipa local que fez tudo em redor alterar radicalmente. Toscano, que havia estado muito perdulário na primeira parte, deu o seu lugar a um jogador que me era completamente desconhecido. Tratava-se de Faouzi, um marroquino de vinte e cinco anos proveniente do WAC de Casablanca.

Abdelghani Faouzi mostrou logo ao que vinha quando, poucos minutos depois de ter entrado, marcar o golo do empate do Guimarães. A partir daí foi um desassossego. Muitos pesadelos deveriam os jogadores do Porto ter nessa noite com o Jogador Número Vinte do Guimarães! Mas de onde é que ele saiu? O jogo alterou completamente, disso não há dúvidas.

Não satisfeito com a marcação do golo, o marroquino estava empenhado mesmo em dar espectáculo. Num curto espaço de tempo desposicionou toda a defesa do Porto e fez com que os jogadores tripeiros perdessem mesmo a cabeça. O primeiro a sofrer as consequências foi o uruguaio Fucile que havia regressado à titularidade para substituir Sapunaru, obrigado a se concentrar na selecção romena mais cedo. Após entrada dura sobre o jogador que marcou o golo do Guimarães, Fucile viu o segundo cartão amarelo das mãos de Carlos Xistra e foi tomar banho mais cedo, se é que ele toma banho. Pelo menos foi esfriar a cabeça para longe.

Por falar em alguém que tem de esfriar a cabeça, após esse lance houve um burburinho imenso e o treinador André Vilas-Boas foi o cliente seguinte das expulsões. Muito exaltado, o treinador do Porto lá teve de ir ver o resto da partida longe do banco de suplentes.

Havia que fazer alguma coisa. Aquele jogador já estava a causar imenso prejuízo. Eles não seriam jogadores do clube liderado por Pinto da Costa se não dessem uma lição àquele jogador do Guimarães. A iniciativa partiu de Fernando que aplicou uma entrada violentíssima sobre o jogador mais incomodativo do Guimarães, aquele que entrou só para lhes estragar a noite. Carlos Xistra foi até muito benevolente com o médio do Porto e só lhe mostrou o cartão amarelo. Faouzi ainda não é aquele talento que os árbitros de todo o Mundo têm ordens para proteger, punindo quem os trave recorrendo a meios sujos.

Faouzi estava caído no chão e o capitão de equipa dos dragões, o guarda-redes Helton, viu mais um dos cartões amarelos provocados por Faouzi. Desta vez Helton acusava o marroquino de perder tempo.

A verdade é que Fernando lesionou mesmo o jogador do Guimarães e só assim alguma ordem entretanto perdida foi restabelecida.

Para a história ficam os primeiros pontos perdidos pelo Porto nesta edição da Superliga.

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