Thursday, October 21, 2010

Apregoava a sua fé e levou uma tareia

Acordei eram cinco menos um quarto. Estava confusa e algo divertida. A minha vontade era a de me levantar, ir buscar o caderno e apontar o incrível sonho que acabava de ter. De onde é que isto surgiu? Ultimamente o meu subconsciente presenteia-me com cada coisa…

Comecemos então sem mais demoras! Para a próxima é na hora que se aponta o sonho ou pesadelo, nem que isso custe passar o resto da noite desperta.

Ia na rua a caminho de casa quando uma desconhecida se abeirou de mim. Eu disse que não queria saber de nada de religião mas ela insistiu e foi a chatear-me até casa. Era uma senhora aí de uns sessenta e cinco anos, usava uma saia de um azul vivo e tinha o cabelo curto, pintado de um louro artificial. Fazia lembrar a minha falecida senhoria mas ao mesmo tempo também me fazia lembrar uma colega de trabalho.

Quando entrei em casa, a chata da mulher seguiu-me. Tentei fechar o portão mas havia um enorme terço azul pendurado no portão que o impedia de se fechar. Imediatamente gritei para dentro. A minha mãe estava em casa. Nem em sonhos me esqueci do tratamento pouco ortodoxo que a minha mãe dá aos “protestantes”. Numa ocasião chegou mesmo a correr com eles com uns farrapos a arder enrolados em paus de varrer o forno da broa. Por outra vez mandou-os para Fátima rezar. Estavam a dar as cerimónias do Treze de Maio.

Quando a mulherzinha insistiu mesmo em entrar foi o fim. Na casa de forno, junto ao fogão, nem lhe perguntámos quantas é que ela queria. Onde a conseguíamos apanhar, agredíamo-la barbaramente. Eram socos, chapadas, empurrões, pontapés da minha parte…a pobre criatura estava deitada no chão com a saia azul puxada para cima e já com umas vistosas nódoas negras nas suas ancas de pele mimosa e clara. Estava-lhe a pregar um directo naquela cara cheia de pó de arroz quando acordei.

Quando voltei a adormecer, o sonho incidiu sobre os cãezinhos que por lá andam por casa. Um tinha sido atropelado e sangrava do nariz, agarraram um e eu tive uma pontaria tal que consegui logo agarrar três fêmeas para o veterinário vir buscar.

O despertador tocou. Era hora de deixar os cães e as falsas profetas para a noite seguinte, quando eu já cansada de bulir assentar a minha cabeça no travesseiro e fechar os olhos.

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