E já passam vinte anos sobre aquele dia que mudou o Mundo.
Lembro-me bem desse dia, até me lembro que envergava umas calças castanhas e uma camisola branca. Nessa manhã, ouvimos um pássaro a cantar de maneira diferente. Logo veio alguma gente para ver se o apanhava. Nunca tinham visto um igual. Quando o meu paio o apanhou finalmente, ele deu-lhe uma bicada. Mesmo assim, o meu pai não desistiu de o apanhar. Ele viveu até há uns dois ou três anos. Diziam que era uma catatua ou uma caturra. Durante muitos anos foi o ex Libris lá de casa.
Estava a fazer o relatório de final de curso. Tinha de entregar esse relatório até ao final do mês. Posto isto, estaria licenciada. Tinha programado passar essa tarde toda a trabalhar no relatório mas as contas saíram furadas.
Tinha marcado ir cortar o cabelo ao fundo da rua. era hora do almoço. Foi nessa altura que tomei conhecimento do que se estava a passar. Em casa da cabeleireira a televisão estava nas notícias, o noticiário da hora do almoço estava no fim mas deram essa notícia em alerta. Inicialmente tinha sido um acidente terrível. Um avião voava baixo demais, talvez por problemas mecânicos e embateu numa das torres do World Trade Centre. Ninguém pensou que seria um atentado.
Demorei cerca de dez minutos a chegar a casa. Estavam a dar ainda as notícias. Se foi estranho um avião embater numa das torres do World Trade Centre, muito esquisito e improvável foi vir outro avião e bater na outra torre. Os jornalistas e especialistas que tinham sido contactados estavam sem palavras e nem sabiam o que dizer.
Só quando um terceiro avião caiu junto ao Pentágono é que se falou em atentado terrorista. Foi uma maratona televisiva sem precedentes. Estava a ter a noção que este dia ficaria para a história. Por um dia, o relatório de final de curso ficou por fazer.
A partir dessa data, o Mundo nunca mais foi o mesmo.
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