Muitos dos conceitos, terapias e experiências que levaram a Saúde a um novo nível foram, infelizmente e por circunstâncias muito duvidosas, desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Á custa de pobres almas proscritas pelo Reich, a medicina evoluiu a olhos vistos. Hoje temos acesso a algumas terapias, são diagnosticadas novas doenças graças á perda de milhares de vidas que, á partida condenadas por serem de raça diferente ou por terem uma deficiência, serviam para todo o tipo de experimentos.
Hans Asperger foi um desses médicos que enviava crianças que á partida eram diferentes das outras para os pavilhões da morte, embora pessoalmente não tenha assassinado nenhuma. Sobreviventes a esses campos de extermínio narram nesta obra o que passaram nesse local de condenação onde crianças eram brutalmente arrancadas da vida com comprimidos dissolvidos em alimentos de que elas mais gostavam. Muitos desses remédios eram também experimentais para a cura da tuberculose e outras doenças que na altura tinham elevados índices de mortalidade. A causa oficial da morte dessas pobres almas era invariavelmente pneumonia ou degradação da doença inicial da criança.
Foi a partir destas crianças que Asperger denominou a psicopatologia autista, muito com base naquilo que era expectável para os jovens do sexo masculino que tinham de lutar pelo Reich em grupo. Quem não fosse embebido desse espírito de grupo, tinha de ser educado ou mandado para o corredor da morte. É por isso que ainda hoje se defende mais o autismo em meninos, embora haja um crescente número de meninas diagnosticadas. Simplesmente se dava mais atenção na época do nazismo ao comportamento social dos meninos que seriam os soldados de amanhã. Por outro lado, meninas que apresentassem o mesmo tipo de comportamento, eram erradamente diagnosticadas com histeria e descontrolos hormonais. Nos dois géneros, o autismo manifesta-se de formas diferentes, como tenho lido. Eu, que sou sempre atenta a alterações de comportamentos e funcionamento do cérebro.
Nesta espécie de biografia, asperger é visto ao mesmo tempo como herói e vilão do regime nazi. Enviou muitas crianças para morrer mas também poderá ter dado uma segunda chance a muitas outras.
As opiniões dividem-se sobre o seu papel na Humanidade. Afinal de contas, há sempre divergências quanto ao lugar que cada Homem ocupa na História.
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