Friday, September 17, 2021

“Frentes De fogo” (impressões pessoais)

 

Cresci com o conceito errado, um pouco passado nas aulas de Português, que a poesia requeria o uso de palavras caras, muitas delas já em desuso, descrevia estados muito profundos de alma, daí ser tão difícil por vezes descobrir o que o poeta nos queria transmitir.

 

Entretanto nos últimos tempos tenho lido outro tipo de poemas. Já não é preciso o poeta estar fortemente apaixonado, triste, deprimido, melancólico, próximo da morte. Apenas é preciso viver e olhar o mundo para escrever poemas.

 

Ao longo dos últimos tempos, tenho tido acesso a poemas inspirados sobretudo por coisas banais que o poeta observa diariamente. Basta acordar de manhã.

 

Eis mais uma obra em que tudo e mais alguma coisa serve para fazer poemas. Poemas não, poesia. Eu vivi sempre com a ideia de um poema obedecer a uma regra, a uma métrica. Hoje percebo que toda a maneira serve para se fazer poesia. Não é um sistema tão fechado assim. A poesia moderna vive de momentos, de relances, de fluxos repentinos de inspiração.

 

O poeta de hoje regista os seus poemas num guardanapo numa mesa de restaurante, no verso do bilhete de comboio, num curto espaço de um folheto de supermercado. Nada de odes, sonetos ou quadras.

 

Como este livro comprova, podemos ser poetas de tudo.

 

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