Sunday, July 19, 2020

Gonçalo



Esta é mais uma história em que o meu subconsciente inventou um personagem bem simpático para me fazer companhia e me ajudar a resolver um problema que parecia bem complicado.

Estávamos a frequentar um curso relacionado com comunicação social. Eu ainda não conhecia bem os meus colegas e tentava-se arranjar uma grelha para ordenar quem ia fazer programas de rádio ou reportagens em direto.

Havia que preencher um horário pouco antes da uma da tarde, visto que a colega que estava previsto entrar a essa hora tinha tido um imprevisto. Foi a primeira vez que interagi com o personagem do meu sonho. Ele ofereceu-se para me ajudar nessa tarefa de substituir a nossa colega.

Não sei como correu o programa mas fiquei desde logo a nutrir simpatia por este meu colega que mal conhecia. Ele era baixo, um pouco para o forte, moreno e com uns belos cabelos negros encaracolados. Naquele dia não lhe perguntei como se chamava.

O tempo foi passando e encontrava-me sentada numa paragem de autocarro às voltas com um aparelho bem complicado que nos tinham dado para fazermos o nosso trabalho. Aquilo parecia um rádio normal mas tinha botões a mais para o meu gosto.

Além dos botões visíveis, aquela coisa ainda tinha compartimentos que se abriam com mais botões e ranhuras e ainda abria em cada um dos quatro lados. Eu abri o rádio todo e não o conseguia fechar.

Inicialmente aquele aparelho servia para entrarmos em direto onde quer que nos encontrássemos. Por exemplo, se eu , ali sentada na paragem de autocarro visse um acidente, logo sacava daquele aparelho e entrava em direto. Só que aquilo era bastante complicado para meu gosto.

Estava a desesperar quando vi o meu colega aproximar-se de onde eu estava. Envergava umas calças azuis e uma larga camisa cinzenta por fora das calças. Estava lindo!

Vendo que eu estava a atrofiar com o aparelho novo, tentou ajudar-me mas também ele não pescava nada daquilo. Ainda veio a descobrir mais ranhuras e botões ocultos no aparelho. Ficámos a olhar um para o outro intrigados. Como é que aquilo funcionava?

Assim estivemos por longo tempo. Cada vez eu apreciava mais estar perto do meu colega. Ao mesmo tempo pensava que não sabia nada dele. Nem o nome lhe tinha perguntado e já lá iam alguns dias juntos.

Tratei logo de lhe perguntar como se chamava. Ele disse que o nome dele era Gonçalo.

O tempo foi passando. Cada vez mais próximos um do outro, às voltas com um aparelho que não sabíamos usar, podíamos ficar ali para toda a eternidade. Sentia-me bem ali. A companhia dele dava-me segurança, conforto, paz interior.

Sentia que, por mais que o tempo passasse, mais eu queria que ele parasse ali naquele instante. Sentia-me completa!

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