Esta é mais uma história em que o meu subconsciente inventou
um personagem bem simpático para me fazer companhia e me ajudar a resolver um
problema que parecia bem complicado.
Estávamos a frequentar um curso relacionado com comunicação
social. Eu ainda não conhecia bem os meus colegas e tentava-se arranjar uma
grelha para ordenar quem ia fazer programas de rádio ou reportagens em direto.
Havia que preencher um horário pouco antes da uma da tarde,
visto que a colega que estava previsto entrar a essa hora tinha tido um
imprevisto. Foi a primeira vez que interagi com o personagem do meu sonho. Ele
ofereceu-se para me ajudar nessa tarefa de substituir a nossa colega.
Não sei como correu o programa mas fiquei desde logo a
nutrir simpatia por este meu colega que mal conhecia. Ele era baixo, um pouco
para o forte, moreno e com uns belos cabelos negros encaracolados. Naquele dia
não lhe perguntei como se chamava.
O tempo foi passando e encontrava-me sentada numa paragem de
autocarro às voltas com um aparelho bem complicado que nos tinham dado para
fazermos o nosso trabalho. Aquilo parecia um rádio normal mas tinha botões a
mais para o meu gosto.
Além dos botões visíveis, aquela coisa ainda tinha
compartimentos que se abriam com mais botões e ranhuras e ainda abria em cada
um dos quatro lados. Eu abri o rádio todo e não o conseguia fechar.
Inicialmente aquele aparelho servia para entrarmos em direto
onde quer que nos encontrássemos. Por exemplo, se eu , ali sentada na paragem
de autocarro visse um acidente, logo sacava daquele aparelho e entrava em
direto. Só que aquilo era bastante complicado para meu gosto.
Estava a desesperar quando vi o meu colega aproximar-se de
onde eu estava. Envergava umas calças azuis e uma larga camisa cinzenta por
fora das calças. Estava lindo!
Vendo que eu estava a atrofiar com o aparelho novo, tentou
ajudar-me mas também ele não pescava nada daquilo. Ainda veio a descobrir mais
ranhuras e botões ocultos no aparelho. Ficámos a olhar um para o outro
intrigados. Como é que aquilo funcionava?
Assim estivemos por longo tempo. Cada vez eu apreciava mais
estar perto do meu colega. Ao mesmo tempo pensava que não sabia nada dele. Nem
o nome lhe tinha perguntado e já lá iam alguns dias juntos.
Tratei logo de lhe perguntar como se chamava. Ele disse que
o nome dele era Gonçalo.
O tempo foi passando. Cada vez mais próximos um do outro, às
voltas com um aparelho que não sabíamos usar, podíamos ficar ali para toda a
eternidade. Sentia-me bem ali. A companhia dele dava-me segurança, conforto,
paz interior.
Sentia que, por mais que o tempo passasse, mais eu queria
que ele parasse ali naquele instante. Sentia-me completa!
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