Calma! Se vieram aqui atendendo ao chamamento imperioso do
título deste post, lamento vos desiludir. Enfim, há coisas piores na vida!
Esta é mais uma descrição de um sonho. Um sonho que me leva
de volta ao liceu de Anadia e a um primeiro dia de aulas do ensino secundário.
As coisas por lá estavam exatamente como as conhecia. O
corredor com as mesmas portas verdes, as escadas dos professores, a algazarra
das turmas no corredor e a Dona Júlia sentada á mesa a ver se os alunos se
portavam ordeiramente.
Ela ouvia rádio. Tocava Vítor Espadinha com o tema “Amor À
Moda Antiga”. Eu admirei-me de estar a tocar essa música. Não é habitual passar
na rádio. Dona Júlia disse que aquilo
era uma rádio em que participava. As músicas eram escolhidas pelos
colaboradores e pelos ouvintes.
Já toda a gente tinha ido para as salas de aula ouvir as
indicações dos professores para o novo ano letivo. A minha irmã tinha aulas da
ponta de lá do corredor. Eu é que ainda não tinha ido para as aulas. Nunca fui
muito apologista de faltar mas nos sonhos tudo é possível.
Para além de mim, outros alunos ficaram ali pelos corredores
enquanto o resto se encontrava a apontar material necessário para o ano todo
nas salas de aula.
Tocou para intervalo. Só nessa altura me lembrei que tinha
de ir à casa de banho. Naturalmente já se fazia fila. Nem todos os cubículos
estavam em condições de ser usados. Muitos estavam sujos, outros não tinham
água e outros não fechavam as portas. Nos sonhos é sempre assim.
Eu via portas de cubículos abertas e enfiava-me para lá. As
outras alunas nem pareciam ligar, tão embrenhadas na conversa que estavam.
Falavam dos professores e das indicações que deram para as
aulas. Foram recomendadas obras literárias que tinham de ser encomendadas na
papelaria. Mas, apesar de o liceu estar inalterado pelo tempo, os alunos já
recorriam ás novas tecnologias. Evitavam de comprar livros em papel. Baixavam
da net.
Um dos livros recomendados e que era o mais falado dava pelo
título de “E Vieram Mulheres Nuas”.
Era uma obra de um escritor espanhol e eu, dentro de uma
casa de banho que não fechava a porta, ouvia alunas a ajudarem-se mutuamente
para baixar a obra.
Fiquei a saber que essa obra deu origem a uma série no
Brasil. O ator António Fagundes dava corpo a um personagem que por acaso era o
vilão.
Tratava da temática da prostituição- sem dúvida um tema
interessante para abordar em salas de aula portuguesas!
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