Estou de volta á Argélia.! Oniricamente, é claro. Da maneira
como as coisas andam, não se pode ir para lado nenhum.
Esta é mais uma aventura completamente surreal. Eu nem
acredito que o meu subconsciente foi buscar um episódio tão estranho.
Vamos contar a história, que vocês já estão em pulgas para
ler mais esta impressionante história onírica.
Tudo começou quando me dirigi a um local público para dar um
recado ou entregar qualquer coisa ao Hichem. Simplesmente me mandaram ir até
lá.
Logo o fui procurar e dei-lhe o recado que me mandaram, ou
entreguei-lhe o objeto que me pediram para entregar.
Naquele sítio estava a haver uma festa com música bem
animada. Isto fez com que não me viesse embora e ficasse por lá um pouco a
dançar ao ritmo daquela música bem alegre.
Estava eu a divertir-me bastante, dançando sozinha ao ritmo
da música quando sou abordada por uma senhora já de uma certa idade. Pela aparência,
depreendi logo que era daquelas pessoas que implica com tudo. Não me parecia
uma habitante local. Era uma turista daquelas abastadas que escolhem países
mais exóticos para gozar a sua reforma dourada.
Depois de longo tempo a olhar para mim, ela arrastou as suas
vestes cinzentas na minha direção. Logo depreendi que dali não vinha nada de
bom e não me enganei.
Ela agarrou-me e repreendeu-me com voz ríspida. Não podia
andar ali a dançar descaradamente e desacompanhada. Estava a chocar os habitantes
locais. Olhei para todos os lados. Toda a gente parecia embrenhada nas suas
vidas e nem estava a prestar atenção à minha dança ou ao meu comportamento. Provavelmente,
a única pessoa incomodada ali dentro era mesmo aquela criatura.
Continuei a dançar mas ela estava sempre a olhar para mim.
Quando a dança me levou um pouco mais para junto dela, ela voltou a berrar-me
que era inadmissível o meu comportamento. Que uma mulher não se pode comportar
assim em público. De repente tive uma ideia completamente louca: já que ela se
estava a preocupar com o escândalo e a mim não me estava a fazer o mínimo de
diferença andar ali a dançar, por que não fazer um escândalo de verdade? Mas
não faria o escândalo sozinha. Ela tinha de vir comigo. Eu ia-me embora mas ela
também não iria lá ficar. Ninguém a mandou bulir comigo.
Sem aviso prévio, agarrei-a com força de modo a ela não
poder escapar e beijei-a na boca. Foi um beijo prolongado, sem que do qual
tirasse prazer. Foi um beijo de vingança, de castigo. Se lhe tivesse mordido
era mais bonito.
O baile logo parou. Agora sim, estavam os olhos arregalados
dos presentes postos em nós. Melhor ainda é que ela ia sair disto pior do que
eu.
Se calhar, dada a minha aparência, as pessoas não se surpreenderiam
que eu gosto de mulheres, coisa que não é verdade. Mais estranho seria uma
senhora toda fina, com roupas caras e coberta de joias ter esse comportamento.
Depois de a largar e a empurrar abruptamente, corri para o
escuro da noite. Ela não se iria mover tão rápido como eu. Ficaria ali
certamente a levar com as bocas e os olhares inquisitivos dos presentes. Eu já
estaria longe. Corria o mais rápido que conseguia. Nunca mais lá ia voltar.
E assim me vinguei de alguém que me estava a chatear
desagradavelmente.
Como é que o meu subconsciente se lembrou de uma coisa
destas?
Na vida real jamais colocaria em marcha uma plano destes. Na
verdade, nem pensei muito. Foi o que eu achei que aquela criatura merecia.
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