Sunday, July 05, 2020

Baile na Argélia



Estou de volta á Argélia.! Oniricamente, é claro. Da maneira como as coisas andam, não se pode ir para lado nenhum.

Esta é mais uma aventura completamente surreal. Eu nem acredito que o meu subconsciente foi buscar um episódio tão estranho.

Vamos contar a história, que vocês já estão em pulgas para ler mais esta impressionante história onírica.

Tudo começou quando me dirigi a um local público para dar um recado ou entregar qualquer coisa ao Hichem. Simplesmente me mandaram ir até lá.

Logo o fui procurar e dei-lhe o recado que me mandaram, ou entreguei-lhe o objeto que me pediram para entregar.

Naquele sítio estava a haver uma festa com música bem animada. Isto fez com que não me viesse embora e ficasse por lá um pouco a dançar ao ritmo daquela música bem alegre.

Estava eu a divertir-me bastante, dançando sozinha ao ritmo da música quando sou abordada por uma senhora já de uma certa idade. Pela aparência, depreendi logo que era daquelas pessoas que implica com tudo. Não me parecia uma habitante local. Era uma turista daquelas abastadas que escolhem países mais exóticos para gozar a sua reforma dourada.

Depois de longo tempo a olhar para mim, ela arrastou as suas vestes cinzentas na minha direção. Logo depreendi que dali não vinha nada de bom e não me enganei.

Ela agarrou-me e repreendeu-me com voz ríspida. Não podia andar ali a dançar descaradamente e desacompanhada. Estava a chocar os habitantes locais. Olhei para todos os lados. Toda a gente parecia embrenhada nas suas vidas e nem estava a prestar atenção à minha dança ou ao meu comportamento. Provavelmente, a única pessoa incomodada ali dentro era mesmo aquela criatura.

Continuei a dançar mas ela estava sempre a olhar para mim. Quando a dança me levou um pouco mais para junto dela, ela voltou a berrar-me que era inadmissível o meu comportamento. Que uma mulher não se pode comportar assim em público. De repente tive uma ideia completamente louca: já que ela se estava a preocupar com o escândalo e a mim não me estava a fazer o mínimo de diferença andar ali a dançar, por que não fazer um escândalo de verdade? Mas não faria o escândalo sozinha. Ela tinha de vir comigo. Eu ia-me embora mas ela também não iria lá ficar. Ninguém a mandou bulir comigo.

Sem aviso prévio, agarrei-a com força de modo a ela não poder escapar e beijei-a na boca. Foi um beijo prolongado, sem que do qual tirasse prazer. Foi um beijo de vingança, de castigo. Se lhe tivesse mordido era mais bonito.

O baile logo parou. Agora sim, estavam os olhos arregalados dos presentes postos em nós. Melhor ainda é que ela ia sair disto pior do que eu.

Se calhar, dada a minha aparência, as pessoas não se surpreenderiam que eu gosto de mulheres, coisa que não é verdade. Mais estranho seria uma senhora toda fina, com roupas caras e coberta de joias ter esse comportamento.

Depois de a largar e a empurrar abruptamente, corri para o escuro da noite. Ela não se iria mover tão rápido como eu. Ficaria ali certamente a levar com as bocas e os olhares inquisitivos dos presentes. Eu já estaria longe. Corria o mais rápido que conseguia. Nunca mais lá ia voltar.

E assim me vinguei de alguém que me estava a chatear desagradavelmente.

Como é que o meu subconsciente se lembrou de uma coisa destas?

Na vida real jamais colocaria em marcha uma plano destes. Na verdade, nem pensei muito. Foi o que eu achei que aquela criatura merecia.

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