Este é mais um dos livros sobre corrida que tinha comprado.
Nessa altura não fazia ideia do que o futuro me reservava e jamais me passaria
pela ideia que iria ser impedida de correr, uma das atividades mais
libertadoras para mim.
Neste livro aborda-se justamente a corrida ou a caminhada
como terapia. É a chamada Terapia de Corrida Dinâmica.
Eu não cheguei a ler este livro quando corria na rua. Mesmo
assim, encarava a corrida que fazia todas as manhãs antes de ir para o trabalho
da mesma forma, apesar de não seguir os exercícios propostos nesta obra.
Era eu e a música que levava. A musica é que indicava o
ritmo a que eu corria. Nada de refletir enquanto corria. Estava atenta ao que
me rodeava. Fizesse frio ou calor. Só quando chovia é que não ia correr por o
piso estar demasiado escorregadio. Nesses dias sentia bem a diferença.
Tomava todas as noites comprimidos para a ansiedade e a
depressão. Desde que comecei a correr todos os dias, deixei de ter necessidade
de recorrer a fármacos. Adormecia mais facilmente e deixava as preocupações do
trabalho para o dia seguinte.
Mesmo as dores e o desconforto nos olhos que por vezes
impediam que descansasse aliviavam na manhã seguinte com a corrida. Sendo feita
de manhã cedo antes de ir para o trabalho, ajudava-me a enfrentar o dia com
outra disponibilidade psicológica e mental.
Hoje dava tudo para voltar a correr na rua como antigamente.
Era algo que me completava, que me fazia bem. Tendo perdido a autonomia de
andar na rua sem bengala, deixou de ser possível eu fazer tão prazerosa
atividade.
É uma das coisas que hoje me entristece não poder fazer.
Correr para mim é liberdade e sinto que a perdi. Correr para mim fazia-me
sentir completa e hoje, apesar de praticar outros exercícios, nenhum oferece o
que a corrida oferecia para enfrentar um dia de trabalho exigente, com muitas
tomadas de decisão e desafios.
Era na rua todas as manhãs que me sentia viva.
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