Friday, May 21, 2010

Perdas e esquecimentos

Há dias em que uma pessoa anda de uma maneira que tudo contribui para a irritar ainda mais. Sem motivo aparente, tudo faz confusão, tudo irrita e apetece mesmo agredir a primeira pessoa que apareça à frente com meia dúzia de estalos sem que esta tivesse dito ou feito alguma coisa.

Sentia-me assim nessa tarde em que me foram interromper o trabalho para me falar das vantagens de um banco. Apanhei um valente susto porque pensava que o meu ordenado passaria a ser depositado nessa dependência bancária e a minha actual conta ficaria assim sem efeito. Lá fui eu perder tempo que depois me faria falta para ouvir o que as senhoras do banco tinham para dizer.

As senhoras do banco entregaram a cada um de nós uma folha de papel que dobrei educadamente e meti ao bolso. Não me lembro de colocar qualquer papel ao lixo mas a minha cabeça, devido ás muitas operações que já fiz, já não é o que era e a idade também não perdoa.

A afluência de pessoas às compras passou do pouco movimento para o movimento e barulho exagerado no espaço de meia hora. Isso fez uma confusão tremenda no meu espírito. Tínhamos andado nas calmas o dia inteiro e agora eu que já estava sozinha tinha de andar a correr e a passar por cima de carrinhos estacionados em frente aos corredores? Estava um silêncio sepulcral e de repente parece que houve uma invasão.

Para cúmulo, andaram uns senhores a arranjar uma porta que ao longo destes dias esteve sempre aberta. Então não é que eles arranjaram a porta e ela passou apenas a abrir e a fechar por fora! Que nervos! Queria passar com os carros da mercadoria que já começava a escassear e tinha de ir dar a volta, passar pelo meio daquela gente toda novamente…já me estava a passar com a situação e os meus nervos já rebentavam a escala do razoável.

Quando finalmente me despachei, já eram horas de apanhar o autocarro. Há um documento com a descrição do que fizemos nesse dia que temos de preencher e depois mandar assinar pelos superiores. Quando meti a mão ao bolso já com os nervos em franja apenas encontrei o maldito papel de publicidade ao banco. Fiquei pior que estragada só de pensar que havia posto o papel ao lixo em vez da publicidade. Teria de arranjar outro ou então esperar que não o tivesse metido ao lixo e apenas me tivesse caído dos bolsos.

Entrei no vestiário fula da vida e já cheia de pressa. Quando cheguei à rua levava o blusão polar desapertado. Queria ver as horas mas havia deixado ficar o cronómetro no bolso das calças da farda.

Quando cheguei à paragem comecei a sentir frio. Foi então que me lembrei que havia deixado também o casaco no cacifo. Que cabeça a minha!

Amanhã, para castigo vou apanhar um frio dos diabos mas é para eu aprender a não ser precipitada.

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