Monday, May 17, 2010

Afinal de contas, a Queima está aí

E de repente, com a entrada em vigor do Tratado de Bolonha que veio revolucionar o Ensino Superior, a tradição mudou um bocadinho. Agora o cortejo da Queima das Fitas em Coimbra passou a ser ao domingo e não à terça-feira como era no tempo em que eu era estudante.

Nem me lembrava que a Queima era na segunda semana de Maio, tão desligada destes eventos e tão ocupada ando.

Estou tão ocupada e tão cheia de trabalho que, quando me sento no autocarro que normalmente à hora a que saio costuma vir quase vazio, quero é um pouco de sossego. Para barulho já eu aturei muito ao longo do meu dia de trabalho, principalmente nas últimas horas.

Logo nas primeiras paragens reparei que o autocarro estava a ser invadido por capas negras. Eram estudantes animados que retiravam os trajes académicos dos armários e se apresentavam para o jantar do seu curso do qual só regressariam com o nascer do Sol e já bem bebidos.

Lembrei-me que era quinta-feira antes do cortejo da Queima das Fitas. Nessa noite haveria a tradicional Serenata na Sé Velha- evento ao qual nunca assisti, diga-se. Nunca fui grande amante da vida académica, por isso passava-me um pouco ao lado.

Cada vez o autocarro se enchia de estudantes barulhentos que não escondiam o seu entusiasmo por ser noite de festa. Se não me falha a memória, é nessa noite da Serenata que os caloiros vestem o traje académico pela primeira vez e vivem esse momento de forma especial. Afinal de contas, esperaram todo um ano, aguentando as mais diversas praxes, para chegar o momento de também eles trajarem de negro.

Estava cansada. Queria sossego mas o autocarro ia apinhado de estudantes que riam e cantavam. Esperava ardentemente que o autocarro chegasse á Praça da República para que todos saíssem. Assim sujeitava-me a ter sossego só quando chegasse a casa.

Foi praticamente o que aconteceu, os estudantes saíram em diversas paragens. Em algumas iam sendo substituídos por outros. Que vida a minha!

E lá fui para casa descansar. Toda a euforia da Queima este ano, mais do que nunca, vai-me passar ao lado.

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