Tuesday, May 04, 2010

O calor já faz das suas

O tempo quente chegou tardia e repentinamente. Passámos de temperaturas algo frias para a época para valores acima do normal no mês de Abril. E se a chegada do tempo quente já me costuma causar transtornos em termos físicos, muito calor assim tão de repente agrava ainda mais tais sintomas.

Na segunda-feira levantei-me até bem disposta mas com o decorrer do dia fui ficando sem apetite e com umas dores de cabeça horríveis. Tinha de ir para Coimbra ainda fazer umas compras. Desconfiava que até tinha febre e fui de propósito comprar um termómetro à farmácia mas a minha temperatura corporal não passava dos valores normais. Sentia-me cansada e com a sensação de ter levado uma tareia. Pensar em comer era um suplício e apenas ingeri água e outros líquidos. Deitei-me em cima da cama e deixei-me estar a pensar na forma de ir trabalhar no dia seguinte naquele estado. Só à noite e a muito custo consegui beber um iogurte para tomar um comprimido para as dores de cabeça que já me estavam a preocupar por pensar que era a tensão ocular alta.

Por acaso no dia seguinte até acordei bem disposta mas a falta de apetite continuava. Este calor está a dar cabo de mim de noite e de dia. Quando eu queria ter uma noite bem dormida para ter energia para trabalhar, eis que acontece a noite que a seguir passo a relatar e que há anos não tinha uma igual. Até me estava a admirar de estas coisas inexplicáveis já não me acontecerem há tempo.

Acordei eram duas da madrugada em sobressalto devido a um pesadelo estúpido. Só vi uma de nós envergando a nossa farda de trabalho estendida no chão de barriga para baixo e com o carro no chão. A queda foi inexplicável, ficando-se a dever alegadamente a uma força maligna e oculta que trabalhava debaixo dos nossos pés.

Estive mais de uma hora acordada. O calor e uma dor num joelho impediam-me de adormecer. Quando acordo a meio da noite e estou longo tempo acordada sem conseguir dormir, principalmente durante o tempo quente, é quase certo de que vou sofrer daquela espécie de sonhos lúcidos ao contrário. Chamo-lhes assim porque num sonho lúcido quando sentimos o formigueiro, podemos moldar o sonho e fazermos o que quisermos. Normalmente servem para realizarmos algo de bom. Naquele caso é ao contrário: sentimos na mesma um formigueiro mas apodera-se de nós como uma força maligna, uma espécie de choque eléctrico. O nosso pensamento descontrolado só pensa em coisas que assustem e não sabemos se estamos acordados ou a dormir. O espaço onde se passa este tipo de sonhos é exactamente o espaço real. Desde pequena que sofro deste mal. Quero acordar e os episódios de formigueiro e frases desconexas repetem-se. Nesta noite estava a ver que isto não passava.

Tinha algum medo de voltar a adormecer mas o cansaço vingou. Então sonhei que uns primos meus do Luso (pai e filha) estacionaram um carro preto à porta de minha casa. A minha prima vinha lavada em lágrimas. A minha mãe abeirou-se do carro deles que nem saíram e implorou-lhes que não fizessem uma desfeita dessas de não ficarem. Indiferente ao apelo, o meu primo arrancou a toda a velocidade. Quando olhei para a rua, do lado da casa da minha vizinha de baixo, vi uma imensidão de veículos que eram brancos ou pretos. Nada de veículos coloridos. No meu terraço vários empregados de mesa envergando roupas brancas punham mesas. Também eles choravam copiosamente. Que coisa tão estranha! Acordei confusa e logo me lembrei de um sonho do mesmo género que tive há uns bons anos atrás. O meu vizinho ainda era vivo e ele já faleceu há doze anos. No dia do seu funeral, vendo a imensidão de movimento na estrada, lembrei-me desse sonho.

Também me lembro de ter sonhado ainda que a minha senhoria e o filho, tal como os ratos, andavam no meu armário onde guardo a roupa e a comida. Faziam um barulho descomunal e eu ralhava-lhes que me estragavam as coisas. Eles faziam cada vez mais barulho. Não sei precisar se este sonho foi antes ou depois do do choro mas penso que foi depois.

E finalmente os meus sonhos ganham um teor mais alegre. Ando um pouco desligada do Ciclismo agora mas...

Passava uma prova de Ciclismo à minha porta com as principais equipas do pelotão internacional. Havia uma banca com bandeiras de vários países. Eu pensava que elas eram para vender e já tinha escolhido a bandeira holandesa para apoiar os ciclistas da Rabobank. Apanhei uma enorme decepção ao saber que as bandeiras não estavam para venda.

Zé Azevedo ainda corria e arrastava-se na cauda do pelotão juntamente com um ciclista belga outrora famoso (Tom Steels- esse já era normal arrasta-se ultimamente). Zé já definhava, apesar dos incentivos da multidão que não se cansava de gritar o seu nome a plenos pulmões. Envergando um equipamento azul, Zé acabou por se deitar no chão extenuado e queixando-se de dores nas pernas. Estava exausto e não aguentava mais. Ia desistir.

Depois da passagem de toda a caravana velocipédica, um vasto comboio de ciclistas belgas e holandeses surgiu a pedalar a ritmo de passeio, envergando fatos de treino e não o equipamento conveniente. Era a equipa Rabobank toda em peso, para meu desgosto. Mandei-os parar. Só conhecia um- o Lars Boom. Os outros eram-me perfeitos estranhos. Queria-os apresentar à minha mãe mas não sabia o nome de nenhum.

Acordei. O telemóvel tocou. Enquanto me preparava, ia pensando nesta última parte de uma noite bem agitada Oniricamente. Zé Azevedo já terminou a carreira, segundo me parece. Agora, se não estou em erro, é director desportivo da equipa Radioshack. Quanto ao outro ciclista que ia com ele, ou era o Tom Steels ou o Tom Boonen. Inclino-me mais para o primeiro.

Um dia destes quando tiver tempo vou ver como andam as coisas pelo Ciclismo. Quem são os craques de hoje? Na Rabobank quem se destaca? O Lars Boom? O Gesink?

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