É tão certo como eu estar aqui sentada a escrever este texto que se candidata a ser um dos melhores do ano: sempre que adormeço, acordo, estou longo tempo sem dormir e volto a adormecer, é quase certo que tenho um episódio de paralisia do sono. Com que violência vai atacar, é uma incógnita.
Como o sono tinha dispersado, resolvi ir ler o livro. Depois desliguei-o mas ainda o estava a ouvir ao longe. A dúvida se estava a dormir ou acordada assolava-me. Sentia aquele formigueiro típico no corpo e logo depreendi que a noite iria ser agitada.
Tendo-me virado por várias vezes, ainda ouvia ao longe o telemóvel. Mas eu não o tinha já desligado? Ah, afinal não é o telemóvel que ouço. São as vozes típicas da paralisia do sono.
Voltei-me a virar, desta vez para o lado das janelas. Uma delas tinha uma pequena fresta aberta por onde entrava um pouco de claridade. Senti-me a subir um pouco acima dessa janela. Depois deixei de a ver e senti-me a subir a grande velocidade por uma espécie de espiral. Lembrei-me de algumas das experiências de quase morte em que as pessoas afirmam ter passado por uma zona dessas ao fim da qual havia uma luz.
Pois ali também a via. Tentei-me lembrar do que as pessoas diziam depois da luz. Encontravam alguém. Eu cheguei ao pé da luz e vim pelo mesmo caminho que subi, desta vez de volta ao meu corpo. Quando estava a ver a luz ainda me perguntei: será que morri. Que ideia!
Voltei a virar-me. Simplesmente o sono e a vigília tinham-se confundido.
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