Saturday, February 18, 2012

Pagar e bufar

Agora, que se estão a acabar também as regalias para os mais poderosos, há que arranjar dinheiro a todo o custo para manter os seus elevados vícios.

Agora o Governo inventou que todos os deficientes têm de desembolsar cinquenta euros para renovarem a certidão multiusos. Isto é uma roubalheira!

Tenho de faltar ao trabalho, perder o subsídio de alimentação, deixar tudo por fazer e que é muito, provavelmente tenho de sair mais tarde e deixar de descansar ou de fazer outras coisas. Isto sem contar com o dinheiro que fui gastar para casa em transportes. Bem feitas as contas, foram mais que os cinquenta euros que tive de pagar à entrada antes que me arrependesse e fugisse.

Graças a Deus ainda trabalho, com menor ou maior dificuldade mas trabalho imenso para conseguir cinquenta euros que vão parar aos cofres do Estado para depois serem gastos nas jantaradas e nos luxos dos políticos ou para financiarem o rendimento mínimo de alguém do calibre do individuo que vou descrever ainda no decorrer deste meu post de indignação legítima.

Venho eu de péssimo humor de Águeda por ter vindo de propósito renovar um documento que deveria ser vitalício e ainda por cima ter de pagar. E se eu não tivesse meios para desembolsar cinquenta euros?

Fico na estação de Mogofores onde tenho de esperar mais de uma hora pelo comboio. Que nervos! E eu com tanto que fazer, que ninguém faz o meu trabalho. Só prejuízo.

Como se não bastasse a longa espera ao frio, com fome e ralada para chegar ao trabalho, ainda tenho de aturar um bêbado que se passeia junto aos caminhos de ferro. Tresandava a vinho e ainda me veio chatear.

Ah, trazia a carteira com algum dinheiro que exibiu. Anda o Estado a tirar dinheiro a quem trabalha honestamente como eu para alimentar o vício do álcool a indivíduos como este que têm bom corpo para trabalhar.

O indivíduo andava quase de gatas em cima dos carris. E se vinha um comboio? Comecei a ouvir um barulho sem que a instalação sonora da estação tivesse anunciado a passagem de qualquer comboio. E não é que era mesmo um comboio? Ainda olhei para a linha a ver se o bêbado lá estava. Por acaso estava do outro lado a falar alto sozinho ou a moer o espírito a mais alguém. Vidinha boa!

Finalmente o comboio chegou. Depois de ter ido almoçar, lá fui trabalhar a umas tardias quatro da tarde. Tinha ainda muito que fazer e por lá fiquei até às sete e meia da tarde.

Estava mesmo cansada, chateada, aborrecida, nervosa, sei lá…

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