Monday, February 06, 2012

Maus marinheiros

Sonhei com imensas peripécias nesta noite mais fria do que as anteriores. A noite terá sido tão agitada, que nem um cobertor estava preso ao fundo da cama de manhã quando acordei. Talvez esse facto nem se deva à intensidade dos sonhos. Estava uma noite muito fria e eu tentava puxar a roupa mais para cima, de modo a cobrir até a cara para me proteger do frio.

Começo a descrever este sonho a partir do momento em que entram em cena uns incrivelmente grossos e estranhos balões verdes. Fiz um esforço tremendo para encher um mas lá consegui. Afinal de contas, toda a gente gaba o meu fôlego para encher balões. Apesar das dificuldades, lá o consegui encher e andava a brincar com ele e com a gata da minha irmã na cozinha de minha casa.

A gata espetou uma unha no balão e, devido à sua espessura, começou a esvaziar muito lentamente. Recordo-me vagamente de estar a tentar filmar estas brincadeiras com o telemóvel.

Encontramo-nos agora num recinto com muitas semelhanças com a Estação de Coimbra mas sem linhas. Realizava-se ali uma espécie de festa que tinha como objectivo exaltar tudo quanto fosse português. Havia palanques montados onde se cantava sobretudo o fado e se exaltavam os nossos gloriosos feitos aquando dos Descobrimentos.

Chegados do Alto Mar, ancoravam imensos barcos e navios naquele porto onírico. Os tripulantes, envergando roupas civis, iam saindo dos seus barcos. Eram homens de todas as idades. Havia indivíduos para cima dos setenta anos e havia jovens que mal tinham completado dezoito anos.

A minha irmã acompanhava-me na visita a este evento. Não sei se ali estava mais alguém naquele final de tarde chuvoso que prometia ser animado. O fado cantado com alma por uma voz feminina ecoava por todo o recinto. O chão estava molhado e escorregadio devido à chuva intensa que terá caído ao longo de todo aquele dia.

Dos barcos continuavam a sair os marinheiros, ilustres descendentes dos heróis da nossa História (com marinheiros como estes, Vasco da Gama daria cambalhotas no túmulo e cobria a caveira de vergonha). A maioria deles aparentava um estado deplorável de embriaguez, não usava a farda da Marinha, dizia palavrões e obscenidades a cada duas palavras, e, como se tudo isso não bastasse, os modernos marinheiros lusitanos ainda escarravam e vomitavam descaradamente no recinto que já de si estava escorregadio e se começava a encher de gente.

Vimos um jovem de estatura média e aí com uns vinte anos de idade, envergando umas calças de ganga e uma camisola castanha, que vomitava copiosamente no chão. A minha irmã puxou-me para que nos afastássemos dali mas, do outro lado, havia dois indivíduos a fazer a mesma coisa ou pior.

Virámo-nos novamente para o lado onde se encontrava o jovem marinheiro a dar azo ao seu enjoo. Era incrível como a mesma pessoa se encontrava ali há já longos minutos sempre a vomitar. A minha irmã exclamou:
- “Irra, que ele vomita David, vomita Golias…”
Mas onde fui eu ou o meu subconsciente buscar isto? Nunca tal ouvi!

Arredámo-nos. O recinto já estava uma lástima, uma porcaria, um nojo. Já nem sabíamos onde colocar os pés.

Lembro-me também de ter sonhado com carne e com peixe já em muito mau estado e com uma chamada de telemóvel que até estava a ser interessante mas acabou-se a bateria. Penso que isso até foi antes dos balões porque já não tinha bateria para filmar as tropelias com os balões. Agora lembro-me.

Refira-se que, enquanto eu aponto este sonho no meu caderno de apontamentos, mesmo a propósito, toca na rádio a música que tinha pensado para banda sonora deste sonho e que não poderia ser outra que não esta dos Sitiados.

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