Wednesday, February 08, 2012

O caderno

Foi uma noite em que até dormi bastante bem, talvez por ter sido um dia de trabalho bastante intenso que me deixou bastante cansada. De facto, não me posso gabar de ter muitas noites assim bem dormidas sem uma única interrupção em que acendo o candeeiro e vejo as horas. Isso esta note não aconteceu.

Dos inúmeros sonos que tive, destaco esta história que recordo mais intensamente. Tinha comprado um daqueles cadernos normais A4 pretos para apontar as minhas aventuras e desventuras para depois serem dadas a conhecer no meu blog. Deixei o caderno em casa quando lá fui passar o fim-de-semana.

Quando regressei a casa no fim-de-semana seguinte, fiquei furiosa porque o caderno aparecia rabiscado em todas as folhas. Para me irritar, a minha irmã resolveu encher todas as folhas do meu caderno novo com rabiscos e desenhos daqueles que fazia quando era criança. Daqueles do calibre dos que fez numa caixa de sapatos…que eram para devolver à loja na Moita. Quando me lembro disso, não posso deixar de me rir. Ela pensava que estava a desenhar nas caixas dos sapatos que eram para ficar para nós e desenhou nas caixas dos sapatos que eram para devolver. Ainda hoje veijo a cara da minha mãe na loja com as duas caixas de sapatos, cada uma com uma boneca em tons de laranja e preto.

Desta vez não achei a mais pequena piada às “obras de arte” e nem lhe perguntei o que é que ela queria como castigo. Os dois pés e as duas mãos trabalhavam intensamente para a punir por ter bulido com o meu caderno novo. Estava realmente furiosa, enraivecida, fora de mim, possessa mesmo.

Lembro-me ainda de sonhar que uns fios eléctricos me perseguiam por a corrente eléctrica os atrair até mim. Nem com a minha imaginação a trabalhar a quinhentos por cento me lembraria de tal coisa para um texto de terror daqueles que gosto de escrever mas agradeço ao meu subconsciente pela dica.

Fugia desesperadamente dos fios que ameaçavam electrocutar-me, fechei-me a toda a pressa na casa de banho mas mesmo assim eles passaram por debaixo da porta. Onde me enfiar? Para onde fugir agora? Estava encurralada.

Mais tarde apercebi-me de que esses mesmos dois fios estavam entranhados no rabo de um pequeno gato preto. Enchi-me de coragem e arranquei-lhos de um só esticão. Nunca mais me importunaram.

Acordei apenas e só quando o despertador tocou.

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