Thursday, February 02, 2012

“O Amante Do Vulcão” (impressões pessoais)





Esta é mais uma incursão por romances clássicos da literatura mundial. Desta vez faço uma viagem até á época da Revolução Francesa e aproveito para avivar a memoria um pouco mais sobre essa época histórica.

Nesta obra, Susan Sontag traz-nos através de uma viagem no tempo, a história de vida do diplomata inglês em Nápoles. Apesar de viver rodeado de luxos e, aparentemente, poder comprar tudo o que lhe apetecesse para a sua colecção de objectos de arte, nutria grande admiração pelo Vesúvio em erupção. Passava grandes momentos a observá-lo da sua janela privilegiada que mandou construir no seu gabinete e escalava muitas vezes a montanha para o observar mais de perto ou recolher rochas para a sua colecção.

A temática do coleccionismo esteve sempre presente nesta obra. Eu, que também adoro coleccionar, embora não concordando com muitas das coisas que li, não deixei de achar curioso.

Achei particularmente divertidas as cenas iniciais que tinham como protagonista o Rei de Nápoles que era alguém que, apesar de ter nascido no seio da família real, deixava transparecer que descia ao nível do povo ou talvez mais baixo ainda. Havia um contraste bem vincado entre ele e a sua esposa que era bastante racional. Naquela altura não se podia afirmar convictamente que era ela quem mandava mas era isso que acontecia na prática. O Rei só pensava em comer, ir à caça, tinha divertimentos um tanto ou quanto estranhos para a sua condição social e não sabia comportar-se razoavelmente. Todas as gargalhadas que esta obra me conseguiu arrancar tiveram como protagonista o Rei de Nápoles.

Um facto marcante nesta obra tem a ver com os casamentos do embaixador. Ambas as suas esposas são o oposto uma da outra. Literalmente. A primeira é mais reservada, frágil, sensível, delicada, enquanto que a segunda já é mais sociável, calculista, com alguma desonestidade…até as origens são diferentes.

Chegam os ventos da Revolução Francesa a Nápoles e com eles toda a instabilidade e o drama que se vive. Pessoas são torturadas ou condenadas a enforcamento e guilhotina. A liderar esta onda de morte estão os protagonistas desta história. Muitos inocentes perderam a vida injustamente e os nossos protagonistas caem em desgraça, mesmo o herói britânico que venceu as batalhas contra Napoleão. Todos morrem sem honra nem glória.

Foi interessante a ideia de colocar os mortos a falar na última parte do livro, a darem a sua versão dos acontecimentos que todos viveram em comum. Ficou ali a faltar o Rei de Nápoles. Devia ser engraçado. Eu não percebo por que razão se fala tanto de uma republicana chamada Leonor Fonseca Pimentel que é quem fecha a obra. Talvez a escritora se identifique com ela ou talvez ela simbolize uma viragem na forma como a participação feminina na sociedade seria vista dali em diante. Esta poetiza da Revolução morreu enforcada em Nápoles e aparece para dizer mal de todos os restantes personagens desta obra. Com isto, também me leva a pensar que a presença do seu testemunho talvez queira dar um cunho imparcial e desinteressado ao que se é dito sobre os protagonistas. As pessoas que haviam deixado o seu testemunho postumamente tinham laços afectivos umas com as outras e Leonor estava algo distanciada delas.

Foi uma leitura agradável e extremamente positiva. Deu para recuar às aulas de Historia que ficaram lá bem para trás e recordar o essencial da Revolução Francesa.

De Nápoles, viajamos através da leitura até Nova Iorque e entramos na mente de um depravado psicopata americano. “Psicopata Americano” é o nome do livro que estou a ler.

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