Sunday, January 31, 2021

“A Rapariga Invisível” (impressões pessoais)

 

Este mês de janeiro coube-me a mim escolher o livro que foi o mais votado para os membros do nosso grupo de leitura lerem e comentarem.

 

A minha escolha recaiu sobre um escritor português de nome Carlos M. Queirós.

 

Neste livro o autor de Marco de Canaveses retrata uma temática que é muito do meu agrado: as experiências fora do corpo e a visão de seres espirituais. Admirei-me de ver um autor português a abordar esta temática, embora em forma de ficção, mas baseada em factos verídicos que lhe foram contados por duas mulheres- mãe e filha.

 

Normalmente gosto de ler livros sobre estes assuntos mais na vertente de testemunhos reais. Já aqui comentei alguns desses livros. A ficção relacionada com este tema normalmente roça o mir ambulante. Tenta-se romancear um pouco esta temática. Muitos dos relatos até de testemunhos reais atribuem as suas experiências à religião que professam- seja ela qual for.

 

Já aqui disse uma vez, ao abordar outro livro sobre este assunto que talvez estas experiências resultem de algum mecanismo existente no nosso cérebro. Alguma parte que não foi estudada a fundo. Dizem os entendidos que somente dez por cento do nosso cérebro está ainda estudado. Sendo assim, uma larga parte permanece desconhecida para os cientistas. Eu penso que a parte irracional do nosso cérebro ou o subconsciente é uma zona muito complexa. Por mais estudos que se façam, cada vez se percebe menos.

 

É esta vertente mais científica que é abordada neste livro. Quanto a isso, tiro o chapéu ao autor. Nunca em momento algum se abordou qualquer processo religioso na origem das visões e das experiências fora do corpo vividas por Rafael. Tudo foi atribuído à zona onde estava alojado o seu tumor.

 

Nesta obra há um claro conflito entre o ceticismo do neurologista português e a maior abertura do neurologista brasileiro. São duas formas diferentes de abordar o comportamento do cérebro.

 

As questões éticas são aqui levantadas. Será que alguém que se encontra em coma irreversível como Rita deve ser mantida viva? Aqui as opiniões divergem. Não se sabe se estas pessoas podem sentir o que as rodeia. Já ouvi falar de pessoas que acordaram de coma e contam histórias de experiências fora do corpo e lembram-se de visitas de amigos e familiares. Com inúmeras pessoas em coma devido à covid19, já tenho ouvido muitas histórias dessas.

 

Alguma coisa existe certamente e não tenho dúvidas que seja provocada em alguma zona do nosso cérebro, tal como acontece com os sonhos e talvez as premonições. Sobre estas últimas, não se percebe por que algumas pessoas em alguma fase da sua vida tiveram premonições e outras não viveram essas experiências. Muitas têm premonições em forma de sonhos, outras através de imagens e outras ainda através de pensamentos repetidos que não se sabe de onde surgiram. Eu tenho frequentemente premonições, como todos os que leem o meu blog certamente já sabem. No meu caso surgem de várias formas. Já aconteceu em sonhos, em pensamentos persistentes de eu falar ou pensar numa pessoa prestes a deixar o mundo dos vivos como se já tivesse morrido e, o mais estranho agora na condição em que me encontro, através de uma imagem bem nítida. Essa foi a última experiência premonitória que tive já neste ano. Teve a ver com um determinado jogador a marcar um golo num jogo do seu clube que daria um feito inédito.

 

A experiência mais arrepiante que tive com premonições foi com a morte do vocalista dos Soundgarden que eu nem conhecia. Surgiu através do pensamento persistente numa música que eu até nem fazia ideia que era dessa banda. Ainda hoje me arrepio ao recordar esse momento e, sobretudo, ao ouvir essa música. Como e por que isso aconteceu? Não sei explicar.

 

Em suma, o nosso cérebro permanece uma caixinha de surpresas. Apesar da tecnologia que hoje temos, talvez tais mistérios não venham nunca a ser desvendados.

 

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