Wednesday, March 27, 2013

Buzina também para quem anda a pé

Ia eu muito sorrateiramente pela rua em direcção ao trabalho. A viagem não é longa mas, com a chuva que caía incessantemente e o trânsito que parece muito mais intenso nestas ocasiões, demora-se um pouquinho mais.

De guarda-chuva aberto, atravessava uma passadeira. Antes de eu passar, tinha cruzado a passadeira um veículo a alta velocidade. Outros dois estavam do outro lado da estrada à espera que eu passasse.

Atravessei a rua no meu passo normal mas já havia uma fila de carros. Um veículo de cor escura, impaciente, começou a buzinar. Que raiva! Nem o podia ouvir. Nem respeito tem por quem anda a pé e à chuva. Mau era se lhe estava a chover dentro do carro! Quer-se dizer, o condutor deste veículo passaria na passadeira sem se preocupar se arrastava algum peão.

Foram aquelas buzinadelas impacientes que deram o mote para que começasse a imaginar como seria a vida na cidade se os peões também tivessem buzina. Provavelmente o ambiente seria ensurdecedor.

As buzinas dos peões serviriam para ser usadas nas passadeiras para indicar aos automobilistas que íamos a passar. Já que eles também fazem o mesmo, ao menos estaríamos em pé de igualdade.

Onde certamente a buzina seria mais utilizada seria nos passeios onde sempre se encontra uma pequena assembleia de gente a conversar e a obstruir a passagem dos outros que, ao contrário de quem ali parou, estão cheios de pressa para irem trabalhar. Uma sonora buzinadela para mandar arredar esta gente.

Nos passeios estreitos, há gente que anda mais rápido e gente que anda molemente. Andam tão devagar, tão devagar, mas tão devagar, que até cansa observá-las. Por acaso ia à minha frente ontem uma senhora com essas características. Desejei ter uma buzina para a mandar arredar ou andar mais depressa.

Em suma, uma buzina nas nossas mãos até seria uma ferramenta poderosa, e barulhenta também, tantos seriam os momentos que merecessem que a ela recorrêssemos.

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