Monday, January 23, 2012

Tempos difíceis

Tenho a honra de vos apresentar neste humilde espaço a descrição de mais uma noite bem agitada, recheada de sonhos bem ritmados e curiosos.

Sonhei que vivíamos num ambiente bastante hostil, no meio de uma guerra que prometia não poupar um único ser vivo à face da Terra. Tínhamos pois de fugir, de nos esconder, de ir para longe…fugir sem sermos vistos.

A rastejar por densa vegetação, fui-me ocultando, evitando as manchas brancas que se encontravam presentes no solo. Eram umas estranhas e mortíferas bombas e evitá-las era uma tarefa árdua. Tinha mesmo de me deslocar com bastante cuidado e perícia.

Acordei com uma irresistível vontade de apontar este sonho mas tive preguiça de me levantar por estar frio.

Estranhos acontecimentos surgem agora. Sonhei que o pai do meu padrinho foi lá a casa de manhã bem cedo…de motorizada e caiu na estrada. Se não é a primeira vez que sonho com estarmos a viver uma guerra, também já não é a primeira vez que, estranhamente, sonho com o pai do meu padrinho. Que curioso!

Era visível na estrada a iluminação de um poste de electricidade que havia caído durante o acidente. Ele parece que só se magoou num olho mas a minha mãe estava convencidíssima que ele tinha morrido e já se preparava para o funeral.

Um antigo colega de liceu vinha nesse dia visitar-me. Não me lembrava bem dele mas recordava nitidamente as tropelias da turma, especialmente nas aulas de Físico-química. Um episódio que na realidade se passou foi recordado neste sonho. Andávamos no oitavo ano. A seguir a uma aula de Hortofloricultura, tínhamos Físico-química e essa aula era a favorita para os meus colegas se portarem um pouco pior. Nessa tarde, encheram os bolsos de pequenas pedras e daquelas coisas dos eucaliptos (não sei como isso se chama) e, enquanto a professora escrevia no quadro, os meus colegas iam arremessando esses objectos. A intenção não era acertar na professora (nunca lhe acertaram) mas acertavam com estrondo no quadro. Passados alguns minutos, o chão estava cheio dessas coisas. Se alguém pisava uma coisa dessas, era o suficiente para cair e se magoar porque aquelas coisas são redondas e rolam debaixo do calçado. A minha mãe às vezes acende o forno para cozer a broa com isso e há que ter muito cuidado para não pisar essas coisas para não cair.

A minha mãe disse que ia sair de casa por ter medo de ali estar sozinha e lhe aparecer o espírito do pai do meu padrinho que ela continuava a afirmar convictamente que tinha morrido naquele acidente à porta de casa.

Estávamos agora na rua. O Céu apresentava-se escuro tal como se estivesse a anoitecer. Era Verão e encontrávamo-nos junto ao portão da eira porque tinha parado ali uma vendedora ambulante de doces. Eu estava do lado de dentro do portão a contemplar aquele estranho clima. Que Céu tão estranho! Nunca antes havia visto coisa igual.

A vendedora que se fazia transportar numa motorizada primeiro havia parado à porta da minha vizinha mas, como a minha vizinha se encontrava à minha porta, acabou por voltar para trás. Acabámos por escolher um apetitoso bolo de chocolate.

Entretanto começou a chover. Uma chuva bastante estranha que não consigo descrever. A minha mãe foi dizendo que era habitual haver esta tempestade Em poucos minutos, a eira transformou-se numa autêntica piscina…de água quente. Aquela chuva era quente. Eu ia chapinhando na água enquanto ela ia subindo a olhos vistos.

Encontro-me agora num compartimento desconhecido à espera de algo. Parecia o meu gabinete mas muito alterado oniricamente. Do outro lado da porta ouço o barulho inconfundível de alguém a encaminhar—se apressadamente para a casa de banho que ali havia. Ali, se é que era mesmo o meu gabinete, não há casa de banho nenhuma.

Enquanto corria o mais que podia para a casa de banho, o desconhecido ia soltando indiscretas, comprometedoras e sonoras flatulências. A coisa estava mesmo difícil! Segundo me apercebi, a aflição intestinal terá mesmo levado o indivíduo a desapertar as calças e a arreá-las mesmo pelo caminho enquanto corria.

Assim que a criatura se sentou na sanita, logo eclodiu uma explosão de diarreia que atroou os ares e quase abalou as paredes do local onde me encontrava.

Foi outro som, o que me acordou. O despertador do telemóvel pôs fim a guerras, tempestades, desarranjos intestinais, que fizeram o meu subconsciente navegar pela torrente de dias difíceis em cenários bastante fantásticos e situações inacreditáveis.

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