Saturday, May 19, 2007

Se eu mandasse no Futebol


Não me lembro o que se passou para eu ter destes pensamentos enquanto almoçava. Certamente tinha a ver com o mercado de transferências de Futebol.

A minha imaginação conheceu intensa actividade. Se calhar foi por isso que me distraí. Se tivesse a sorte de me calhar o Euromilhões, eu fazia algumas coisas interessantes. Compraria um clube? Provavelmente. E se eu fosse uma alta figura do dirigismo desportivo?

As regras no meu clube seriam rígidas. Quem as violasse sofreria as consequências. Pagava bem a funcionários e seguranças de discotecas e outros estabelecimentos de diversão nocturna para não deixarem entrar os jogadores do meu clube ou para os correrem de lá. Se eles insistissem, iriam corridos para casa a toque de caixa. Noutras ocasiões seriam ministrados sedativos nas bebidas dos atletas para eles sentirem uma certa moleza e irem dormir para casa. Mas dormir mesmo!

Se acaso algum atleta aparecesse no treino com sinais visíveis de ressaca, ia tomar banho no lago finlandês que era uma banheira de gelo. Faz muito bem a quem perde a noite. Ganha logo forças para uma sessão de treinos exigente.

O treinador do meu clube seria alguém ainda pior que o Scolari. Teria mão de ferro e castigaria os jogadores que não se aplicassem a cem por cento nos treinos e nos jogos. O treinador da minha agremiação teria luz verde para castigar jogadores com treinos duros e outro tipo de coacções.

Jamais despediria o treinador se a equipa atravessasse uma fase de maus resultados. Antes despedia os jogadores ou castigava-os severamente com multas que era para eles aprenderem. A vigilância aos seus tempos livres seria ainda mais apertada. Dormiriam no grandioso centro de formação que eu mandasse construir. Esse local funcionaria com mais rigor ainda que uma abadia na Idade Média.

Contrataria maioritariamente jogadores de Leste por virem de países onde o rigor e a disciplina imperam. Seria um clube à minha imagem e semelhança. Brasileiros e outros jogadores da América do Sul não queria no meu clube. Gostam de sair à noite e cometem alguns actos de indisciplina. Quanto a jogadores portugueses, teria alguns. Prefiro jogadores vindos de Leste. Dos Balcãs. Sempre gostei. Da Rússia só se for o Artem Dzuba.

Pagaria todos os impostos e cumpriria com todas as minhas obrigações cívicas. Faria do meu clube um exemplo para a sociedade. Nada de relações promíscuas entre nós, autarquias ou empresas. A transparência seria uma das minhas bandeiras.

Pagaria aos atletas e demais elementos da minha agremiação a tempo e a horas. Nenhum atleta ganharia desmesuradamente. O jogador teria de fazer por merecer o salário. O contrato por objectivos seria uma regra.

No nosso Estádio não haveria Liga nem Federação que nos impusesse preços de bilhetes. Os ingressos seriam a preços simbólicos para serem acessíveis aos adeptos mais carenciados. Os nossos associados pagariam uma quota comportável aos seus rendimentos.

Para atrair público ao nosso Estádio, promoveríamos actividades em que os atletas estariam envolvidos. A proximidade entre jogadores e adeptos seria uma constante. Haveria arremesso de equipamento de jogo para as bancadas em cada partida. Equipamento completo. Se perdêssemos o jogo, os jogadores ficariam em campo a compensar os adeptos com um monumental show de variedades que incluiria canto, anedotas e...strip do jogador que entendêssemos ter sido o responsável pelo desaire.

Com o tempo chegaria a dirigente associativa. Aí tentaria impingir o meu modelo de dirigismo a todos. Não sei se o Futebol iria melhorar.

Também me surgiu a ideia de ser empresária de jogadores. Mais uma vez, tentaria representar única e exclusivamente jogadores do Leste da Europa. Os jogadores brasileiros começam a ser demais nos clubes portugueses e nem sempre se adaptam da melhor maneira. Jogadores sem grande nome e desconhecidos para a generalidade dos adeptos poderão causar surpresa. Atente-se no exemplo do Boavista este ano que adquiriu por empréstimo dois excelentes jogadores polacos. Para mim um deles é mesmo um dos melhores jogadores a actuar no campeonato esta época. Abriria caminho para que Portugal abrisse as portas ao mercado dos jogadores que se tornaram recentemente membros da Comunidade Europeia.

Claro que isto não passa de uma utopia. Talvez quando me calhar o primeiro prémio de um Euromilhões com jackpot eu pense mais nisso. Por agora nada me resta senão o sonho e a fantasia enquanto vou saboreando um apetitoso e merecido almoço na cantina da ESEC.

A chuva que caiu ao longo daquela madrugada teve o condão de tornar a temperatura matinal um pouco mais suave para quem tem de meter pés ao caminho bem cedo como eu.

Ia a aprontar-me para sair na paragem. O autocarro travou e eu fui enviada mais para trás. Foi para acordar que o cansaço à sexta-feira é mais acentuado. O sono e a moleza teimam em não me largar.

O dia de trabalho decorreu dentro da normalidade. Nada de extraordinário há a apontar nessa manhã.

Apesar de o autocarro se ter atrasado ligeiramente, consegui despachar-me e cheguei a horas. Como atrás referi, esse período do almoço serviu para me distrair com os pensamentos divertidos que fiz questão de colocar como tema deste texto.

O Sol e o Céu azul fizeram parte da paisagem desse início de tarde. A tarde de trabalho não trouxe nada de anormal.

Em vésperas da primeira prova de 2007 o treino teria de ser mais suave, apesar dos poucos dias que tive para preparar a competição. Dei sete voltas à pista em 25 minutos de corrida contínua. Os restantes 25 minutos que durou o treino serviram para ginástica e alguns alongamentos.

Da actualidade desportiva deste dia, destaca-se o longo castigo aplicado ao jogador do Benfica Nuno Assis devido ao seu controle positivo. Apesar da contestação eu concordo que um caso de doping seja punido severamente. A credibilidade e a verdade desportiva estão postas em causa com estes procedimentos. Além disso, a saúde dos atletas fica irremediavelmente lesada com o recurso a substâncias dopantes. Se usam a desculpa de que a profissão de atleta é uma actividade de desgaste rápido para não pagarem impostos, também deveriam ter em conta isso antes de tomarem a decisão de recorrer ao doping para aumentar o rendimento. A vida para além do Desporto é longa e deve ser levada com saúde e bem-estar.

Situação do dia:
Como fiz questão de frisar no início deste já longo texto, o almoço foi passado a imaginar algumas situações divertidas. Era tanta a distracção que já me ia embora e deixava a garrafa da água em cima da mesa. Tive de voltar atrás para a ir buscar.

Bacorada do dia:
“Só falaram com estas cruzinhas?” (Falar com cruzinhas só quando se está só à noite fechada no cemitério.)

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