Monday, May 21, 2007

Com o fogo nos pés

Estava Sol e as temperaturas até nem estavam muito frias. Era o ideal para fazer uma prova. O pior é a falta de treinos. Tenho-me andado a baldar.

A ver veríamos se o número 399 me daria sorte naquela tarde de Sol e temperatura amena, ideal para a prática desportiva.

Entrei em cena nos 60 metros, prova em que a boa partida e a velocidade pura marcam a diferença. O resultado foi uma tremenda decepção, apesar de ter feito apenas mais sete centésimos que no mês passado. A marca foi então de 12.53 segundos.

Os sessenta metros foram ás quatro e meia da tarde sensivelmente e os duzentos metros fechariam o programa para aquele sábado. Já tinha trazido um Kinder Bueno para não ficar esfomeada como na prova anterior, apesar de eu desta vez ter almoçado melhor que no outro dia. Também trago sempre a garrafa do Powerade atrás.

Esperaria quase três horas para entrar novamente em pista. Iria empenhar-me ao máximo para vingar o resultado dos sessenta metros. Tinha de ser. Nem que me esfolasse toda e deixasse a pele na pista.

Naquele intervalo entre as duas provas alimentei-me com o Kinder Bueno e fui bebendo um pouco de Powerade para estar pronta. Uma atleta que ia fazer os 400 metros sozinha ainda me tentou para a acompanhar, mas eu tinha de me concentrar naquela que é a minha melhor prova- os 200 metros. Não arriscaria. Se estivesse mais treinada… Além disso, participo extra competição e não valia a pena estar a fazer um esforço inglório e estar a sacrificar aquilo que eu acabaria por fazer.

A noite começava a cair e o frio começava a fazer-se sentir com mais intensidade. Já passava das sete da tarde quando finalmente nos encontrámos prontas para partir. Era a oportunidade de ouro que tinha para salvar o dia. Iria dar o máximo.

Soou o tiro de partida. Corri o mais depressa que era possível correr. Era de raiva a minha prestação naquela prova. Empenhei-me a fundo em cada metro de pista. No final o frio tinha desaparecido e os meus pés fervilhavam como se tivessem sido possuídos pelo fogo. Na verdade até foram. O fogo da raiva de mim própria.

Fui tomar banho sem saber o resultado da prova. Tinha a consciência de que tudo fiz para conseguir um resultado que apagasse a má imagem deixada umas horas antes. Pelo que as pessoas gritavam, acho que me estava a sair bem.

Finalmente soube o resultado: 43.19. Confirmou-se o facto de estar melhor que o ano passado. Fiquei radiante! O meu esforço havia sido compensado. Quando isso acontece é um motivo de grande orgulho e satisfação para qualquer atleta.

Fica a recordação de cada metro dessa corrida. Como se a pista me queimasse os pés.


Levantei-me eram onze da manhã. Houve que preparar as coisas para a eventualidade de eu ainda ter tempo de ir para casa. Depois mandaria guardar tudo até que as provas terminassem.

O meu telemóvel estava com pouca bateria. Havia que a descarregar por completo para a eventualidade de mais logo ter de ligar a alguém para me vir buscar. Não existe nada de jeito no telemóvel para me entreter e a única música que lá existe é uma versão um pouco brejeira (para não dizer muito brejeira) da Floribella que me arranjaram. Foi um suplício esperar para que o telemóvel estivesse em condições para carregar.

Em simultâneo com as provas estava a decorrer no estádio da Luz o jogo entre o Benfica e o Oliveira do Bairro. O rádio da instalação sonora do Estádio Cidade de Coimbra chegou a estar, por momentos, sintonizado na Antena 1. Decorriam os instantes iniciais da partida que contava para a Taça de Portugal. Depois o rádio foi sintonizado numa estação onde passasse quase sempre música.

Satisfeita com a minha prestação em mais uma jornada de provas, perguntei como tinha ficado o jogo. Disseram-me que o Glorioso esmagou a equipa bairradina por 5-0. Mantorras regressou aos golos naquela tarde solarenga de sábado.

Começou na manhã desse dia mais uma edição do Lisboa- Dakar. Pilotos e máquinas meteram-se a caminho rumo ao deserto no coração de África. De referir que, pela primeira vez em toda a história da competição, um autocarro participa. Ao volante seguem dos destemidos jovens holandeses com vasta experiência em peripécias no Continente Negro.

A viatura é uma choça velha gentilmente cedida pela Transdev- Centro que aproveitou a oportunidade para se desfazer do veículo que só trazia amargos de boa à empresa.

À partida os nossos meninos que chegam do Norte da Holanda mostram-se confiantes em levar o autocarro até Dakar, embora seja complicado. Nem nas estradas da Região Centro aquela camioneta anda em condições, quanto mais nas areias espessas e quentes do deserto. A ver vamos.

Situação do dia:
Ia a caminho do Estádio. O percurso não é assim tão longo, a julgar pelas coisas que aqui passo a relatar. Passei por uma casa que tinha um portão onde um pequeno cão branco e preto me ladrou. Toupeira dum raio! Estava a mandar o animal para dentro e ele estava do lado de lá do portão, sem hipóteses de sair. Mas tive olhos para olhar com desdém para um veículo que passou por mim. Não me perguntem de que cor é que ele era. A sujidade era tanta...Parecia um automóvel tirado do interior da Terra. Estava demais!

Bacorada do dia:
www.igor.pt ?!!!” (E isto existirá?!!!)

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