Wednesday, May 02, 2007

Consoada divertida





Foi uma tarde inteira a preparar tudo para que nada faltasse na noite de Consoada que seria passada em família, mais uma vez.

As notícias que chegavam da Figueira da Foz acerca do estado de saúde do meu primo não eram as melhores. Ficou combinado não se tocar no assunto nem dar a entender á nossa tia (já octogenária) que algo se passava.

Foi em cima da hora que a minha madrinha decidiu trazer comida e se juntar a nós. Primeiro ela tinha- nos convidado, mas nós preferimos ficar aqui por casa porque o meu vizinho tinha os filhos a seu cuidado e era melhor passar a Consoada aqui mesmo. Era o mais indicado para as crianças.

O bacalhau abundava e o bolo-rei também. Como não podia deixar de ser em ocasiões de festa, o vinho e o champanhe também jorravam com intensidade. Tudo estava a ser perfeito!

A menina já dormia estirada no sofá, embalada pelo fogo vivo que saía da lareira. A entrega dos presentes tinha de decorrer muito antes da meia-noite.

Sacos e embrulhos coloridos espalhavam-se pela casa numa amálgama de alegria e de fraternidade. Depressa todas essas prendas foram trocadas entre os presentes que mostravam rostos de extrema felicidade ao rasgarem os embrulhos com ar ansioso. Mesmo os adultos estavam em pulgas por abrir os presentes que lhes eram entregues.

Este foi o Natal do vestuário. Toda a gente este ano teve o cuidado de me oferecer peças de roupa que eu uso. Nada daqueles aborrecidos presentes contendo toalhas e panos bordados para guardar no enxoval. Eu não ligo a isso!


Recebi dois casacos, uma camisola, uma t-shirt e um boné, chocolates…não me lembro de tudo, mas foi um Natal produtivo.

Estava a dar o Harry Potter e os meus primos estavam atentos ao filme. Por isso mesmo, esqueci-me de pedir ao meu primo para tentar instalar aquele famigerado software do telemóvel que tanto me matou a cabeça na noite anterior.

E a Consoada em família estava a chegar ao fim. Há muito que não sentia tanta harmonia e conforto. Tudo correu lindamente, apesar das alarmantes notícias ocultadas da minha tia para que ela não se afligisse e a noite não ficasse estragada.

O meu vizinho teve de levar os sonolentos meninos a casa da avó materna, a minha madrinha e respectiva família meteu-se a caminho da Moita e nós prosseguimos a noite em casa. Apesar da debandada, nem por isso o nível de boa disposição baixou. Bem pelo contrário. O meu pai e a minha vizinha continuaram a festa com uma estranha e divertida discussão. Todos rimos ás gargalhadas, o que levou a minha mãe a afirmar entre gargalhadas:
“Quem nos ouvir na rua a rir assim, há-de pensar que estamos todos bêbados.”

Eu não me lembro de passar assim uma Consoada tão divertida e com a família assim reunida. Longe estava eu de imaginar as consequências dos acontecimentos que aí vinham, não ia faltar muito tempo. Infelizmente aquele tempo de paz anunciava algo de muito embaraçoso para a nossa família. Algo que já laborava no exterior. Na Figueira da Foz. Algo que ficou à margem daquele tempo de harmonia.

Aquela véspera de Natal foi marcada por um belo dia de Sol. A preguiça e a falta de inspiração apoderavam-se do meu espírito. Não apetecia mesmo fazer nada. E eu com tanto para fazer!

A minha irmã ligou para o hospital da Figueira da Foz para saber novas do meu primo. Com muito maus modos, uma enfermeira sempre foi dizendo que a sua condição não era famosa. Todos pusemos um ar sério que prometemos tirar na frente da nossa tia, também tia dele.

Assim fizemos e a Consoada correu conforme acima relatei.

Situação do dia:
O meu pai deslocou-se ao lugar e encontrou um gato preto morto na berma da estrada. Julgando tratar-se do nosso Mong, o meu pai pegou no animal pelo rabo e enfiou-o no cemitério dos gatos- o contentor do lixo. Quando o meu pai chegou a casa, logo contou a novidade à minha mãe que ficou perplexa. Não é que tivesse muita pena daquela peste daquele gato, mas lamentou o dia em que ela ocorreu- logo na véspera de Natal. Passado umas horas o meu pai tratava da horta e questionou se foi realmente o Mong que ele colocou no lixo. Estava ele a reflectir sobe esse assunto quando ao olhar para um lado do quintal teve a resposta. Nem imaginam quem ele viu a aproveitar o dia de Sol radiante! Nada mais, nada menos que o gato Mong! Vivinho da Silva! Afinal o gato que o meu pai colocou no lixo até era uma gata.

Bacorada do dia:
“A URSS fica perto da Rússia.” (Definitivamente, História Contemporânea e Geografia não são o forte dela!)


No comments: