As noites estão quentes e calor para mim é sinónimo de paralisia do sono, especialmente quando deixo a televisão ligada e a tenho de ir apagar ás tantas da madrugada.
De entre outras coisas, fica esta parte bem curiosa. E assustadora também.
Encontrava-me no meu quarto que, ao mesmo tempo era outro espaço bem diferente. Em vez de uma cama de casal tinha duas camas e havia uma porta aberta para um corredor, como acontece nos hospitais, de onde surgia uma fraca luz.
Eu encontrava-me de pé junto ás camas que se encontravam ocupadas com gente a dormir. Mas onde seria aquilo?
Digamos que as pessoas que dormiam não me conseguiam ver. Estava ali oculta.
De repente, do sentido contrário ao de onde me encontrava ouvi sussurrar:
_Meeehdiii!
Agora vem a parte mais estranha e intrigante. Era a minha voz. Eu chamava o Mehdi do outro lado do quarto, quando me encontrava mesmo ao lado daquilo que parecia ser a cama onde ele dormia com outro colega de quarto. Seria aquilo o estágio do porto no algarve.
Voltei a ouvir a mesma voz, o mesmo sussurro, o mesmo horrível chamamento. Não era uma voz amigável, era uma voz capaz de arrepiar os cabelos a quem quer que tivesse o azar de a ouvir. Era uma voz fantasmagórica, de alma penada. O suficiente para arruinar uma noite de sono.
Continuava a ouvir-me a chamar pelo Mehdi. Queria acordar, sair dali mas pouco conseguia fazer. Sentia-me presa entre dois mundos.
Sabia que era eu que chamava mas ao mesmo tempo estava assustada e com algum receio de também assustar o taremi.
Olhando de relance para as camas, apesar da ténue luz que vinha do corredor, ainda tremi mais quando vi que na outra cama estava o Pepe. Será que ele me ouviu? Levantou a cabeça para cima mas era pelo Mehdi que eu sussurrava de uma forma que parecia não ser deste mundo. E eu não o queria assustar. Ainda bem que ele continuava a dormir!
Finalmente libertei-me de todos aqueles sussurros. Foi muito estranho!
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