Thursday, October 07, 2021

“Paulina ao Piano” (impressões pessoais)

 

Alice Vieira é sem dúvida um nome grande da literatura portuguesa, especialmente na infantojuvenil.

 

Desta vez traz-nos um pequeno livro sobre uma menina que tem o seu piano como refúgio. Incapaz de perceber a forma rude como os adultos a ela se dirigem, ela encontra no piano um confidente capaz de a ouvir e compreender.

 

Paulina sofre a ausência do pai que mal conheceu e curiosamente dá-se melhor com o novo companheiro da sua mãe, um homem de quem a sua avó nunca gostou.

 

A rigidez da avó Celeste é um dos motivos de grande stress para Paulina. O excesso de organização e de etiqueta não são compreendidos pela criança.

 

Estamos nos anos oitenta. Ainda havia a ideia errada de uma mulher viúva se casar de novo. Essas uniões ainda eram mal vistas pela sociedade. Para Paulina, António era o melhor para substituir o carinho em falta do seu pai. Quando não havia António, havia o piano para lhe alegrar a vida.

 

Sabe sempre bem recordar estas histórias e recuar bastante no tempo. Nem nos apercebemos que muita coisa mudou na sociedade portuguesa em tão poucos anos. Por exemplo, o conceito de família tradicional deixou de ser rígido. Hoje em dia o divórcio é algo comum, facto que não era há quarenta anos. Já aqui contei um episódio vivido por mim na mesma altura quando andava na escola primária. Um divórcio era naquela época um acontecimento coletivo.

 

No caso deste livro, o pai de paulina morreu num acidente. A mãe arranjou um companheiro. Vai dar ao mesmo. As intrigas naquela época surgiam naturalmente.

 

Ainda bem que as coisas evoluíram.

 

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