Wednesday, February 17, 2021

Um gato condenado e a pessoa que eu odeio

 

Pois é, hoje é dia dos namorados, um dia que a mim nunca me diz nada, nunca me disse e não compreendo sinceramente por que tanta gente sofre doentiamente por amor. Consigo perfeitamente viver sem isso. Nunca me fez falta. Sei que vão dizer que não sou normal, mas para mim é para o lado que eu durmo melhor…contando que não sonhe com alguém que simplesmente detesto e nem nos sonhos me deixa em paz.

 

Comecemos por um outro sonho sem qualquer ligação com o principal. Tínhamos um gato siamês que há uns dias andava desaparecido. Certo dia ele voltou, mas mal conseguia andar. Alguém com bons olhos viu que o animal vinha com a parte dos testículos completamente comida. Portanto nada havia a fazer. O gato ia morrer mesmo.

 

Agora vamos ao que interessa! Se eu tenho dificuldade em entender o amor, também tenho em entender por que sinto ódio e uma certa repulsa por determinadas pessoas, mesmo que esse sentimento tenha surgido á primeira vista. Tal sentimento era recíproco, eu e aquela criatura não nos dávamos e trabalhámos juntos até as circunstâncias da vida terem impedido de fazer a minha vida normal.

 

Eu passava maus bocados com aquela alminha. As piores recordações que tenho dos meus últimos dias de trabalho são com ele como protagonista. Agora apareceu-me num sonho num contexto completamente diferente.

 

O local era o liceu de Anadia. Nós íamos começar um novo ano letivo e, para mal dos meus pecados, aquele senhor era professor de Ciências, logo uma disciplina que eu não curtia de todo.

 

Logo no primeiro dia de aulas, que era para os alunos não estranharem, o inusitado professor começou a exigir o céu, a lua e as estrelas aos alunos. Para mim já não era novidade. Conhecia-o demais. Até desconfio que o conhecimento vasto que tenho da sua pessoa não se resume a esta vida terrena.

 

Exigia que os alunos levassem material especial de corrida e recomendava que os seus estudantes tomassem vitaminas e outros suplementos alimentares. Faltou dizer que se inscrevessem em psicólogos e psiquiatras…só para o aturarem.

 

Eu já estava ali naquela sala a fervilhar por todos os lados. Conviver com aquela criatura e sobretudo estar debaixo do mesmo teto faz-me sentir doente.

 

O inusitado professor chega-se junto de mim e disse que estava a pensar mudar a aula para as oito da noite. Dizia isso com aquele sorriso maldoso que eu bem lhe conhecia. Eu já via a minha vida a andar para trás. Era uma hora em que já não havia transportes e era já tarde para ir a pé para casa.

 

Curiosamente estavam á porta outros amigos meus de outro contexto da minha vida. Também eles estavam fulos com o professor de Ciências. Eu estava-lhes a contar as tropelias dele num outro espaço que não aquele.

 

Eles olhavam atónitos para mim enquanto lhes descrevia aquela entidade, aquele ser que parece ter sido feito só a incomodar os outros.

 

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