Não me lembro da última vez que tive sucesso em qualquer vertente da minha vida. Estou tão habituada a que as coisas corram mal, que tudo me seja adverso, que algo de negativo aconteça, que nem me lembro da última vez que saboreei um momento de puro júbilo. Por mais que me esforce para encontrar um desses momentos de felicidade, constato que os mesmos já ocorreram há muito.
É estranho para mim sentir felicidade. O normal é eu ter uma coisa e imediatamente ela me ser arrancada sem apelo nem agravo. Ontem vivi um momento como há muito não sentia.
Tudo começou com um texto que publiquei neste meu humilde espaço com o título “Um avião-ambulância, por favor”. O assunto desse post era a crise no Benfica. Quando o aqui publiquei, estava longe de saber que esse mesmo texto iria ser publicado noutro local com bem mais visibilidade.
Depois de ter acabado o treino, fui ver na aplicação do jornal “Record” o que diziam as notícias. Foi então que vi que estavam a pedir aos leitores que enviassem textos de opinião sobre o momento conturbado do Benfica. Imediatamente meti mãos à obra. Liguei o computador e passei o documento original em Word para a Dropbox para ser enviado com o telemóvel.
Fiz isso mais para participar. Nunca pensei que o texto fosse rapidamente publicado. Depois de o ter enviado ainda comecei a pensar que não o iam publicar pelo facto de ser muito longo. Quando o coloquei no blog, tinha mais de cinco mil carateres. Enganei-me.
Quando pouco mais tarde fui verificar outra vez a aplicação, havia lá textos enviados pelos leitores. Foi com uma sensação indescritível que constatei que o meu era o terceiro, ou seja, foi mesmo o primeiro a ser publicado. Sem esconder o meu entusiasmo e esta sensação estranha de júbilo e felicidade, enviei o link aos meus amigos e mentores no centro de reabilitação.
Ao longo do dia de hoje, tenho recebido muitas mensagens de felicitações. Há quanto tempo não via reconhecido o meu trabalho?
Tenho esperança que este seja um bom augúrio para o que eu quero fazer da minha vida daqui para a frente. Com a perda da visão, muito se alterou na minha vida e tenho de seguir em frente arranjando soluções.
Gosto de escrever e isso não se apagou com a luz dos meus olhos. Pelo contrário, agora escrevo muito melhor. Talvez utilize os olhos da alma. Não era aqui o caso, mas estou muito mais criativa, talvez porque as imagens do mundo real tenham sido substituídas pelas cores e formas criadas pela minha mente. Isso faz com que esteja mais focada talvez.
Sinceramente, não estava á espera disto. Houve alturas na minha vida em que escrevia para os jornais. Já não fazia isso pelo menos desde 2004.
Talvez isto seja o alento que me faltava para continuar a fazer o que gosto.
Agradeço a todos as mensagens de felicitações e reconhecimento. Elas darão impulso para novas conquistas, que bem preciso delas.
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