Wednesday, February 17, 2021

“Quando Eu Era Uma obra De Arte” ((impressões pessoais)

 

Quando eu achava que já tinha rido tudo nestes últimos dias com a leitura de livros, eis que me aparece outro que me levou ás lágrimas. Se me perguntarem o que me deu para ler agora estes livros mais divertidos, eu simplesmente respondo que calhou assim. Dois deles vieram recentemente das bibliotecas digitais. Talvez não seja inocente o facto de as bibliotecas nos sugerirem e enviarem livros mais descontraídos para ler nesta fase de desconfinamento e incerteza. Nesta fase em que estamos em casa e deixámos as nossas vidas suspensas sem sabermos quando tudo vai voltar á normalidade, se é que vai um dia.

 

Falando deste livro que eu peguei por ter um título curioso e também porque o livro anterior me encheu as medidas, voltei a ter sorte. Este é diversão da primeira á última página. O autor narra na primeira pessoa a história de um homem que estava descontente com a vida porque era menos belo e interessante do que os seus irmãos. Por isso se queria suicidar. Tentou pôr termo à vida por três vezes e preparava-se para a quarta tentativa. Desta vez estava no alto da falésia para se mandar dali abaixo. Já ali estava há um bom tempo quando um artista excêntrico o abordou e o seduziu com uma proposta insólita e aliciante. Entregar-se à Arte.

 

Fizeram um plano. O indivíduo escrevia cartas de suicídio aos seus familiares, iria fingir-se de morto e depois desaparecia no interior da voluptuosa mansão do artista para se transformar numa obra de arte a quem o seu criador daria o nome de Adão depois de algumas transformações no corpo que faria com a ajuda de um médico seu amigo.

 

Adão ganhou assim forma, até que o artista sentiu dificuldades económicas e o vendeu. Depois ainda foi vendido para um museu público. Entretanto Adão conhece a filha de um pintor e apaixona-se. O problema é que ele não é um Ser Humano, é uma obra de Arte e pertence ao espólio de um museu do Estado. Imaginem a situação.

 

A partir daí, Adão terá de provar que ainda é humano. A tarefa não será fácil.

 

Já estão a imaginar a enrascada que é esta criatura querer voltar a ser uma pessoa. Lembrem-se que ele oficialmente não existe. Morreu. Serão só peripécias da primeira á última página. A forma como a história está narrada é simplesmente fantástica. Para terem uma ideia, pela calada da noite ainda me estava a rir de uma das cenas deste livro. E tive dificuldade de parar de rir. Por sorte ninguém me ouve por aqui.

 

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