Sunday, February 28, 2021

“Hotel Fêmea”

 

Mais uma história bem curiosa arquitetada pelo meu subconsciente. Pessoas e lugares fundem-se. Situações conspiram para que haja movimento, alguma cor e seguramente muita ação.

 

A história onírica passa-se em Lisboa, sem dúvida. O centro de reabilitação estava em obras ou algo assim e fomos temporariamente viver para um hotel. Eu lamentava ter deixado parte das minhas coisas. O mais certo seria ficar sem elas, mas, até lá, que não me doesse a cabeça, como se costuma dizer.

 

Certamente haveria mais com que me preocupar. Com a segurança, com a privacidade. Com ambas as coisas. Com nenhuma destas situações.

 

Mudámos para um hotel que fazia parte de uma cadeia recentemente criada. Já que há o grupo pestana, esta cadeia de hotéis dava pelo nome de “hotéis Fêmea”. Achei o nome curioso, mas não haveria tempo de refletir sobre isso. Preocupada estaria eu com uma janela que não fechava, mas já lá vamos.

 

Por fora, o hotel apresentava um certo glamour. O seu interior, à vista desarmada, também apresentava uma certa sofisticação. Para além das cores vivas, tinha bares, discotecas, locais de relaxamento, Spa…

 

Não era por acaso que o Benfica fez lá um estágio antes de um jogo. Nessa equipa ainda jogava o Enzo Pérez…, mas o Vertonghen também fazia parte do plantel. Dizia-se que ele, mesmo depois de toda a gente ir dormir, deixou-se ficar sentado numa das impressionantes poltronas da entrada a olhar sonhadoramente para as luzes de muitas cores.

 

Se o exterior e a entrada davam toda a ilusão de luxo e requinte, o mesmo não se podia dizer dos quartos. O estuque das paredes estava descascado, as torneiras da casa de banho tinham ferrugem e as janelas…

 

Partilhava o quarto com uma colega de nome Ana Paula. Queria fechar a janela para mudarmos de roupa e finalmente nos deitarmos.

 

Estávamos num dos andares mais altos do hotel, mas havia do outro lado da rua prédios mais altos com janelas abertas e luzes acesas. Luzes da rua e dos outros edifícios iluminavam o quarto quase como se fosse dia. Obviamente tínhamos de nos vestir com as janelas fechadas, de outra forma, podíamos ser vistas por pessoas que estivessem nas janelas iluminadas dos outros prédios.

 

A janela tinha uma cortina e um estore. Foi com estupefação que fiquei com metade da persiana e com o estore poeirento na mão. Não sabia explicar como aquilo tinha partido. Estava a segurar com bastante cuidado para que o estore e a persiana não mergulhassem no vazio. Ao mesmo tempo, tentava também equilibrar-me numa tentativa de remediar a situação.

 

Já que o estore não fechava, sempre havia a cortina que era feita de um tecido escuro e muito grosso. Era uma espécie de uma lona.

 

Pois bem, então não é que a cortina também se soltou. Era presa ao varão por uma espécie de cordões que imediatamente se soltaram quando os puxei. Que vida a minha!

 

A cortina sim, quase foi parar lá em baixo. Segurei o tecido por uma ponta e impedi que tal acontecesse.

 

Com ar intrigado, sempre fui dizendo á minha colega que tinha por hábito dormir nua, que não o podia fazer. A janela ia ficar aberta. Tinha de ser. Teríamos mesmo de ir trocar de roupa na casa de banho.

 

Afinal de contas, não adianta a uma coisa ser bonita e atraente por fora, quando por dentro tudo se quebra, tudo se encontra num lastimável estado.

 

E relaxamento…

 

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