Wednesday, September 12, 2012

Morte de cão

Como acontece na maioria das vezes, saio do trabalho, troco de roupa e saio para a rua para uma revigorante caminhada.

Envergando uma velha camisola da Selecção Nacional, caminhei pela cidade. Reparei que um cãozito preto andava em cima do passeio. Parecia algo desnorteado, sinal de que talvez tivesse sido largado na rua recentemente. Era notório que o animal não sabia andar na rua ordeiramente.

Caminhando à frente dos transeuntes, o cãozito preto tentava meter-se à estrada. Uma criança ainda gritou para que ele não atravessasse. Estava bom de ver que pouco tempo de vida teria aquele cão que teimava em seguir para o meio da estrada.

Eu própria lhe berrei algumas vezes quando o vi meter-se à estrada mas de nada valeu. Há uma ruela na Baixa que dá para as ruas vedadas ao trânsito e eu pensei corrê-lo para lá mas o cão estava atordoado e não obedecia a ordens, chamamentos, tudo o que fossem apelos humanos.

O cãozito negro afastou-se um pouco de mim e logo pressenti que ele tinha os minutos contados. Iria durar pouco, aquele cão com aquele comportamento. Só não sabia que o tempo de vida dele estava contado aos segundos.

Foi escassos metros adiante do local onde eu tive tais pensamentos que o cão finalmente atravessou a estrada numa correria desenfreada. Uma corrida para a morte.

Ao chegar sensivelmente junto daquele edifício onde está situada a Caixa Geral de Depósitos, em frente aos semáforos que dão para a rua sem carros, perto da Câmara Municipal de Coimbra, vi que um carro tinha parado. Do outro lado vinha um autocarro amarelo dos SMTUC e terá sido esse veículo que apanhou o cão que nem um som emitiu na hora do embate.

Quando olhei só vi uma mancha preta e imovel na berma junto ao edifício da Caixa Geral de Depósitos. Foi por isso que depreendi que foi o autocarro que o colheu.

É incrível. Em escassos segundos, um cão que corria cheio de energia à minha frente transformou-se, escassos segundos depois, numa mancha inerte do outro lado da rua. Quem o largou ali já sabia que pouco tempo iria ele durar com tanto movimento naquela zona da cidade. E o que é que essas pessoas mereciam? Por acaso o cão morreu instantaneamente mas podia não ser suficiente o contacto com um veículo para o matar logo. Sempre há gente inqualificável!

Meia hora depois passei para baixo e a carcaça negra e inerte do cãozito estava ainda no mesmo local onde fora parar depois de colidir com o autocarro.

Entretanto na Praça da República, estava outro cãozito morto. Tiveram o cuidado de o colocar onde não passavam carros. Era de uma cor indefinida, tal era a sujidade e os maus tratos. Não tenho a certeza mas julgo ter visto uma coleira no seu pescoço.

Palavras para quê? Estamos em Portugal onde tudo é permitido fazer aos animais.

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