Monday, May 23, 2011

Foi mesmo o último dia de trabalho

Partia para esta quarta-feira com a incerteza a assolar-me o espírito. Estava em causa passar uma Páscoa tranquila na companhia dos meus familiares e amigos ou viver o sobressalto de ficar a trabalhar na sexta e no sábado e deparar-me com mais uma greve dos comboios e sujeitar-me a nem sequer poder ir para casa.

Estava algo nervosa e deprimida por causa dessa questão. Malditas greves dos comboios! Esta gente anda a fazer greves a mais e só prejudica quem não tem culpa. Concordo com quem diz que as greves dos transportes e da saúde vão contra a Constituição por estarem a violar os direitos dos cidadãos. Se viesse uma lei a proibir a greve dos transportes eu fazia uma festa!

Foi a meio da manhã que recebi o telefonema que me encheu de esperança. Iria iniciar as minhas novas funções no dia seguinte e assim poderia ir para casa no autocarro sossegada da vida e assim passar quatro dias em casa sem me preocupar mais com as deslocações.

Este foi, portanto, o meu último dia de trabalho. Há agora que fazer um balanço. No geral, a experiência foi positiva. Preocupei-me sempre em dar o meu melhor e até em tentar fazer o impossível. Tenho a consciência de que só não fiz mais porque não pude.

De negativo guardo, em primeiro lugar, a fraca acessibilidade em termos de transportes que é um entrave a qualquer pessoa que não tenha veículo próprio. Na minha opinião, se querem continuar com o protocolo de integração para deficientes visuais- que eu acho muito bem que continuem- ou têm de ali colocar pessoas que tenham familiares que as levem e tragam, ou não pode ser ali. É muito difícil arranjar autocarros para flexibilizar o horário.

Outro aspecto negativo prendeu-se com a incompreensão e falta de tolerância que algumas pessoas demonstraram e que sempre vinha ao de cima quando se sentiam pressionadas. Tal pressão e tais angústias sempre eram descontadas em cima de mim e foram muitos os dias em que saí magoada com coisas que ouvi por acaso ou que me disseram. Isto é um mal geral do povo português, infelizmente, e não é só do local de trabalho. Há pessoas que são mais abertas à diferença e há outras que simplesmente espelham os comportamentos da sociedade em que estão inseridas.

De positivo guardo a camaradagem com algumas poucas colegas. Sou uma pessoa difícil de integrar e ali senti mais dificuldade por conviver com pessoas com interesses completamente diferentes dos meus. Mesmo assim deu para conviver com algumas colegas que me compreenderam melhor e não deixaram de me apoiar quando as coisas estiveram difíceis.

Peço desculpa por alguma coisa que terá corrido menos bem e desejo a todos votos de boa sorte.

Foi um prazer!

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