Monday, May 30, 2011

Excluídos, revoltados e esperançosos

Pode-se dizer que sonhei com muita coisa mas inicio a narrativa a partir do momento em que algo faz sentido.

A acção passa-se numa escola, alegadamente nos Estados Unidos, onde um grupo heterogéneo de alunos causava dores de cabeça aos professores que nem aulas conseguiam dar em condições devido ao mau comportamento dessa turma dentro da sala de aula.

Estava em minha casa. Já era de noite e estava junto ao microondas na cozinha a ouvir a minha mãe a queixar-se que não se sentia bem ultimamente. Um senhor da minha terra apareceu á porta para comprar ovos ou algo assim. Eu assistia ao diálogo dos dois do lugar que mencionei há pouco.

O senhor disse à minha mãe que a sua esposa também não andava lá muito bem-disposta mas o seu mal-estar devia-se a problemas digestivos, ao contrário dos sintomas da minha mãe que provavelmente tinham a ver com a diabetes.

E como é que tudo isto encaixa no tal sentido que eu disse que o sonho tinha? É simples. Enquanto a minha mãe conversava lá fora sobre os seus problemas, a televisão mantinha-se ligada na sala. De referir que me encontrava na cozinha junto ao microondas. Ouvia a conversa que vinha da rua e ouvia o que era transmitido pela televisão.

A programação em todos os canais havia sido interrompida abruptamente para se passar a um programa de informação especial a dar conta de um atentado iminente que prometia fazer ainda mais estrago do que o 11 de Setembro. Desta vez não eram os fundamentalistas islâmicos que estavam por detrás, por isso desconhecia-se o que estava para vir.

O caos estava a ser orquestrado por aquele grupo de há pouco que estava desordeiramente na sala de aulas. A ele juntaram-se pessoas de todo o Mundo. Eram pessoas que, de alguma maneira, se sentiam excluídas e abandonadas pela sociedade. Era uma espécie de revolta dos oprimidos.

Pela televisão podiam-se ver deficientes (alguns eram mesmo tetraplégicos), pessoas com dependência de drogas e álcool, pessoas com sexualidade alternativa e muitos outros que se sentiam, de certa forma, abandonados e esquecidos por uma sociedade que os condena em vez de os ajudar.

Na televisão falava o meu antigo professor de Tecnologias da Informação a pretexto de um encontro internacional de tecnologias inovadoras ao serviço das pessoas portadoras de deficiência.

Enquanto aquelas pessoas que ingeriam venenos corrosivos saíam por aí a contaminar tudo, novas esperanças surgiam para algumas delas.

Depois da pequena entrevista do meu antigo professor, passou-se a uma reportagem em que a protagonista era uma menina chamada Paula, que era cega de nascença e que ia experimentar uma das novas maravilhas tecnológicas ao dispor de pessoas com necessidades especiais. Tratava-se de uns óculos que tinham a aparência de umas vendas semelhantes às que dão nas viagens de avião de longo curso. Aquela maravilha tecnológica era a esperança para os cegos congénitos como a Paula.

A menina estava feliz por já poder jogar à bola e andar de bicicleta como qualquer criança. Vendo isto, eu estava revoltada porque não tive oportunidade de experimentar aqueles óculos milagrosos. Já estou habituada aos eventuais falhanços de presumíveis revoluções tecnológicas por o nosso problema não ser simplesmente nos olhos.

Um rapaz paraplégico da minha terra foi convidado também a experimentar qualquer coisa que lhe devolvesse a locomoção.

Falava neste evento lá em casa. Era de manhã e eu observava o Léo em cima da gaiola dos pássaros.

Perguntei à minha mãe pelos cães que estavam presos, uma vez que a casa estava povoada de miniaturas do meu cão. A minha mãe respondeu-me, imagine-se, que os cães estavam fechados num curral à espera que o veterinário os viesse apanhar. Ora apanhados já estavam eles.

Para finalizar esta viagem pelas peripécias oníricas, encontro-me numa paragem de autocarro onde está alguém às voltas com um dossier. Já não é a primeira vez que sonho que estou ali e com adereços escolares mas não sei onde fica isso. Provavelmente não fica em lado nenhum. Tentei ajudar a pessoa mas acabei por lhe estragar o dossier e a pessoa ficou extremamente zangada comigo.

Acordei. A correria continuou e voltei a perder o autocarro. Vim de comboio, que até me consolei e tive ainda de recorrer a um táxi e gastar assim dinheiro.

Cheguei a casa e o cãozito que a minha mãe tinha achado da outra vez estava fechado no terraço. Deve ter sido a antecipar esse acontecimento que sonhei com cães

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