Leio mais uma vez José Saramago. Este foi um dos seus primeiros romances.
Inicialmente o nosso prémio Nobel deu a este livro o título “A Viúva” mas o seu editor sugeriu dar o título que ficou.
Nesta obra é contada a história de Maria Leonor, dona de uma quinta no Ribatejo e mãe de dois filhos. O seu marido morreu e ela ficou sozinha com as criadas e as crianças.
Maria Leonor ainda era nova e vivia um dilema interior. Mandava o decoro e a sociedade que ela guardasse respeito ao seu marido e não casasse. Mas ela vivia a constante avidez por arranjar um novo companheiro e essa ausência deixava-a louca.
Benedita, a sua fiel criada de muitos anos que nunca conheceu homem na vida e mostrava uma incrível repulsa pelo sexo, andava sempre de olho na patroa. Quando a descobria a transgredir as regras, logo havia grande animosidade entre as duas. Elas mediam-se como dois animais ferozes prontos para a luta.
Talvez secretamente Benedita nutrisse uma oculta paixão~´ao homossexual pela patroa, impedindo-a assim de amar alguém. Talvez o comportamento mais recatado de uma viúva que a sociedade exigia mascarasse os ciúmes que Benedita sentia quando via a patroa com homens.
Este é o retrato de uma sociedade portuguesa cheia de preconceitos, absurdas regras sociais e muito levada para a Religião e o pecado. A igreja Católica tinha forte impacto nas convenções sociais e por vezes ou quase sempre limitava a felicidade e o bem-estar das pessoas.
No comments:
Post a Comment